PT quer mudar lei de estatais para beneficiar Mercadante

Aloízio Mercadante disse para acalmar o mercado que não vai dar subsídios para empresas graúdas como no passado recente,
Foto: Fábio Pozzebom.
Ex-ministro Nelson Barbosa, na tática petista, ataca o mercado por reagir mal a Mercadante.
Fiquemos de olho no Partido dos Trabalhadores e o futuro governo eleito Lula da Silva. Há dias que a imprensa anuncia o interesse e possibilidade de Aloízio Mercadante (PT-SP), ex-senador e um dos colaboradores próximos da campanha eleitoral de Lula, vir a assumir o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) e o o senador Jean Paul Prates (PT-RN) assumir a presidência da Petrobras, onde se sabe o que o petismo fez em passado recente. Prates é dirigente partidário em seu Estado.
Há pedras porém no caminho dos dois. Talvez a maior delas a lei das estatais (nº 13.303/2016), esculpida na onda da Lava Jato, sancionada por Michel Temer. A CNN nos lembra que o artigo 17 enuncia que para cargos de diretoria, presidência e membros de Conselho de Administração de estatais os indicados não podem ter atuado, nos últimos 36 meses, “como participante de estrutura decisória de partido político ou em trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de campanha eleitoral”.
Pois não é que o PT, reunido no QG da transição, está discutindo mudanças na lei? Diz matéria do jornal o Estado de São Paulo que ela poderá chegar por Medida Provisória, logo que Lula da Silva se aboletar na cadeira presidencial, e será fácil aprovar porque o Centrão – ah, o Centrão – quer a mesmíssima coisa! Imaginem se não!
No mesmo jornal, li ontem a noite entrevista em destaque do ex-ministro da Fazenda petista Nelson Barbosa entrando em campo para defender Aloízio, e com a surrada tática petista de atacar o mercado. Para Barbosa, que não deixa boas lembranças quando ministro, a reação negativa ao nome do ex-senador para o BNDES se dá porque o mercado “reage mal a qualquer nome do PT.”
Será mesmo? Quem cai nessa esparrela é porque é da seita vermelha ou é um desmiolado – esqueceu o passado de orgias nas estatais – e não percebe a natureza predatória do PT, especialista em vitimismo, expert em tratar os que o criticam ou que de suas intenções fazem ressalvas, como inimigos. Democratas de ocasião que são, fazem o que o diabo gosta, segundo Dilma.
Barbosa, por óbvio, não vai se penitenciar, não é próprio do PT. Mas vamos reavivar a memória de quem me honra com a leitura. O mercado, lógico, sabe o que fizeram no passado, também no BNDES.
Uma política chamada Programa de Sustentação de Investimentos (PSI), sobre o qual já produzi artigo, conhecido por política de campeãs nacionais, injetou bilhões – há quem calcule mais de trilhão – em um punhado de empresas escolhidas aleatoriamente pelo governo Lula, subsidiados com juros generosos, que você ou eu nunca tivemos. A mais famosa foi a JBS. Foram muitos outros frigoríficos, a OI, a Marfrig, a própria Petrobras.
O governo Lula na época aportou dinheiro do Tesouro Nacional, mais de R$ 300 bilhões, no BNDES, e uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu que a dinheirama irrigou o lucro das empresas, aumentou seus ativos, mas gerar emprego e renda que é bom nada. “Uma vergonha,” foi assim que se pronunciou o presidente do TCU Augusto Shermann, ao apoiar o relatório do conselheiro Vital do Rego, relator do trabalho feito pelos auditores.
A ausência de metas e indicadores associados ao PSI, e inexistência de vínculo do programa com o PPA, o principal instrumento de planejamento do governo federal para execução orçamentária foram anotadas no relatório. Sem isso, evidenciaram a má utilização dos recursos.
Até hoje o BNDES não devolveu o dinheiro na totalidade para o Tesouro, a corrupção drenou investimentos que poderiam ter sido direcionados a pequenos empreendimentos, responsáveis pela geração de cerca de 80% dos empregos no Brasil.
Aloízio Mercadante, que por sua vaidade tinha no Senado um apelido que não convém publicizar, disse para acalmar o mercado que não vai dar subsídios para empresas graúdas como no passado recente, uma política que vigorou de 2009 a 2015. Você acredita?
Será que a fantasiosa frente ampla de 12 partidos não tem nomes para ocupar estes postos? Casuísmo, não!