O Gabinete de Segurança Institucional (GSI), sob comando do general Gonçalves Dias, cerca de 20 horas antes da invasão do Palácio do Planalto dispensou por escrito o pelotão de 36 homens do Batalhão da Guarda Presidencial.
No sábado, após receber pedido, reforçou a segurança do prédio. Já no domingo, segundo matéria do Estado de São Paulo, a sede do governo federal amanheceu na Esplanada apenas com o efetivo da guarda normal, quase desprovida de equipamento de controle de distúrbios civis, como escudos, bombas de gás e balas de borracha. O efetivo, em sua maioria, só dispunha de fuzis com munição letal.
Ao site Metropoles, Gonçalves Dias, substituto do general bolsonarista Augusto Heleno, disse que a hesitação de militares do Batalhão da Guarda Presidencial mostrada em vídeos exibidos pelo site em prender os vândalos foram antes de uma ordem sua determinando a prisão dos invasores.
O Estadão conta que somente no início da tarde o Comando Militar do Planalto, por iniciativa própria, entrou em contato como GSI e reenviou o pelotão ao Planalto. É uma tropa muito menor do que a mobiliada em outras situações, a pedido do gabinete.
A ação em 24 de maio de 2017 para conter os black blocks que pediam a saída do presidente Michel Temer (MDB), acusado de corrupção pelo empresário Joesley Batista, contou com efetivo 15 vezes maior.
Comento: Todos sabem, até os candirus do Rio Madeira, como dizia o saudoso amigo jornalista Paulo Queiroz, que a indisciplina nas Forças Armadas está em muitos batalhões, muitos setores, em razão da doutrina bolsonarista levada a cabo nos quatro anos de governo. É grande a má vontade, para dizer o mínimo, de parte da oficialidade e certamente dos soldados, para com Lula da Silva e o PT.
Mesmo com esse quadro, na transição e em uma semana de governo, com as informações que todos tinham, inclusive dadas pela Abin, seria possível descontaminar o grupo que reforçava o Batalhão do Palácio e o GSI, colocar homens de confiança ao menos para tomar conta do Palácio do Planalto, local de trabalho do Presidente da República. Nunca vi isso na minha vida: em todos os conflitos e protestos violentos promovidos, o Palácio do Planalto sempre foi protegido.
Todos os governos que por lá passaram protegeram o Palácio. É calculo político, e o general Gonçalves Dias, o ministro da Defesa José Múcio, o ministro da Justiça Flávio Dino e o próprio Lula da Silva, que nesta quinta-feira, 12, anunciou mudanças na segurança do local, devem ainda muitas explicações. Ninguém pode ficar impune nessa história.