Depois dos atos golpistas de 8 de janeiro, ideia era baixar a fervura na relação dos quartéis com o governo
Por Laryssa Borges, de Veja
Fritado pelo PT e pressionado a deixar o Ministério da Defesa por uma suposta falta de interlocução com o alto comando militar, José Múcio Monteiro procurou o Tribunal de Contas da União (TCU) nos últimos dias com um pedido sensível. Ex-presidente da Corte de Contas , o auxiliar do presidente Lula consultou o tribunal sobre a possibilidade de adiar uma auditoria que mira a compra de armas pelo Exército.
O objetivo não era exatamente blindar de escrutínio público a compra de armamentos feita por militares em Washington, e sim aguardar que a temperatura baixasse após o amplo desgaste da caserna com os atos de vandalismo do dia 8 de janeiro, quando forças de segurança não protegeram as sedes dos três poderes atacadas por bolsonaristas que haviam se abrigado em um acampamento em frente ao QG do Exército. O pedido de José Múcio foi considerado pouco usual por integrantes do tribunal ouvidos por VEJA.
Em novembro passado, em outra auditoria, o TCU decidiu abrir processo para avaliar a atuação do Exército no controle de armas – desta vez nas mãos de civis. A medida ocorreu após a constatação de possível falta de controle dos militares no registro de armamento no sistema Sigma, administrado pela força. Apenas entre janeiro de 2020 e dezembro de 2021, por exemplo, o número de armas na plataforma teve aumento de 200,83%.