O delegado da Polícia Federal do Pará, Vinícius Serpa, que coordenou uma operação contra o contrabando de ouro dos garimpos da Amazônia nesta quarta-feira, 15, disse que a maioria do metal que sai da região é proveniente de garimpo ilegal.
“São empresas que sequer têm permissão de lavra garimpeira. O garimpo ilegal causa um dano bem maior do que o garimpo legal. Ele gera prejuízo, além do contrabando do ouro, com a destruição da floresta, do meio ambiente em si, um prejuízo muito grande”, disse.
Segundo ele, em ações coordenadas com o Ministério Público Federal (MPF), a PF vem fechando o cerco a esses crimes. A Operação Sisaque foi a segunda realizada esta semana contra o garimpo ilegal de ouro na região.
Para fazer frente a essa estratégia, a operação desta quarta-feira focou na organização criminosa que usava empresas de fachada para “esquentar” o ouro ilegal. De 2020 a 2022, o esquema movimentou 13 toneladas de ouro avaliadas em R$ 4 bilhões.
Os policiais cumpriram três mandados de prisão e 27 de busca e apreensão em sete Estados – Pará, Rio de Janeiro, Goiânia, Amazonas, São Paulo, Mato Grosso e Roraima -, além do Distrito Federal.
“Os termos de constatação elaborados pela Receita Federal foram capazes de demonstrar que havia um esquema, que podemos chamar de organização criminosa, em um formato triangular. Empresas menores recebiam notas fiscais do ouro ilegal e emitiam novas notas fiscais a partir desse recebimento, dando aparência de legalidade ao ouro. Esse ouro era repassado para empresas maiores que estão no topo da organização criminosa”, explicou.
Segundo ele, no topo da pirâmide estavam as empresas exportadoras. Uma delas, sediada nos Estados Unidos, seria responsável pela remesa do ouro ilegal brasileiro para o mercado internacional. “Eles criavam estoque fictícios de outro para acobertar a grande quantidade do minério ilegal.”