Zanin condena prática conhecida como ‘pescaria probatória’

Indicado por Lula da Silva ao STF, na vaga de Ricardo Lewandowiski, o advogado pessoal do presidente é sabatinado.
O advogado Cristiano Zanin é sabatinado na CCJ. Foto: Pedro França.
A sabatina de Cristiano Zanin na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal já dura mais de sete horas. O advogado afirmou ser inaceitável a prática chamada de fishing expedition, ou pescaria probatória, em que buscas de provas são feitas sem causa provável ou com causas diferentes daquilo que realmente se busca, para atingir pessoas. Ele lembrou que os tribunais têm anulado processos que se deram com base nessa prática e ressaltou que suas declarações não se referiam a nenhum caso concreto, mas à Justiça de forma geral.

— É uma prática que deve ser condenada, porque o Estado não pode eleger alguém como alvo e depois buscar provas contra esse alvo. A atividade de persecução deve ser justificada na sua origem e seguir todos os ritos previstos em lei para ser legítima — disse Zanin em resposta ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que citou as buscas por cartões de vacinação que culminaram com a apreensão do telefone celular do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Flávio Bolsonaro também citou outro caso, o da absolvição da chapa Dilma/Temer pelo TSE, em 2017, por apresentação de provas após o prazo legal. O questionamento foi sobre a possibilidade de nulidade do processo. Zanin respondeu que, apesar de haver exceções, a regra é que o processo não retorne a fases anteriores já encerradas, como a da busca de provas.

Senador Cleitinho declara voto contrário à indicação de Zanin

Com voto contrário declarado à indicação de Cristiano Zanin ao Supremo Tribunal Federal, o senador Cleitinho (Republicanos-MG) disse que sua posição não é pessoal, mas motivada pelo fato de o sabatinado ser advogado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O parlamentar pediu ao indicado que, quando assumir como ministro, “julgue a favor do povo”.

Magno Malta considera formação de Zanin insuficiente

Em entrevista à TV Senado, o senador Magno Malta (PL-ES) avaliou que o fato de Cristiano Zanin não ter experiência como magistrado é um fato negativo no currículo do indicado ao STF. “Para mim, só quem foi juiz deveria ir para o Supremo”, disse o parlamentar. Malta afirmou que seu interesse na sabatina seria saber a opinião de Zanin sobre o “ativismo judicial” e sobre a “pauta de costumes”. O senador incluiu ainda a questão sobre a inocência do presidente Lula. Ele reafirmou seu voto contrário à indicação, apesar de achar que Zanin será aprovado com margem considerável de votos. Assista à entrevista, em que Magno Malta fala também da proposta de arcabouço fiscal (PLP 93/2023).

Rogerio Marinho aponta ‘assimetria entre Poderes’

O senador Rogerio Marinho (PL-RN) afirmou que o Brasil vive um momento de excepcionalidade do ponto de vista institucional, com uma hipertrofia de um Poder (Judiciário) em relação aos demais, o que geraria desequilíbrio. Para ele, ações do Judiciário contra prerrogativas parlamentares e contra a liberdade de expressão sufocam a democracia. O senador comparou o momento atual com o que precedeu o Ato Institucional nº 5 (AI-5), em 1968, durante a ditatura militar. O ato teve com uma das consequências o fechamento do Congresso.

O senador disse que Zanin tem amplo apoio e “não precisará de seu voto”.Em resposta, Zanin afirmou que refletirá a respeito de todas as colocações do senador.

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