Exiliado na fazenda Itu, em São Borja, Getúlio Vargas considerava em 1949 voltar ao poder desta vez como “líder de massas e não de partidos,” declarou ao jornalista Samuel Wainer, de quem se tornaria amigo. O movimento queremista – Queremos Getúlio – crescia. Um dia ele recebeu na fazenda o governador de São Paulo Ademar de Barros, do PSP, Partido Social Progressista.
Numa conversa reservada, apenas com Danton Coelho, que seria seu futuro ministro do Trabalho e o general Estillac Leal, que assumiria o Ministério da Guerra, Getúlio fez um pacto com Ademar de Barros. O governador o apoiaria na eleição presidencial marcada para 1950, e por seu turno o ditador gaúcho apoiaria Ademar em 1955, que aspirava de algum tempo chegar à Presidência da República.
Fizeram então o Pacto da Frente Popular Brasileira. Do PSP, para a campanha de Getúlio, viria seu vice, Café Filho. Em 1955 Getúlio apoiaria Ademar de Barros. Acordo escrito, Ademar o assina, passa a caneta para Getúlio Vargas e ele diz então que em função dos esforços de Danton Coelho para consumar o êxito do acordo ele, Danton, deveria assinar o documento em nome do candidato.
Atônito, Ademar viu Getúlio passar a caneta para o aliado político, e posteriormente todos assinaram o histórico acordo. Menos Getúlio Vargas, episódio que entraria para o folclore das espertezas do político gaúcho. Como se sabe, Getúlio foi eleito, mas não terminou o mandato, e Ademar de Barros não conseguiu realizar o sonho de ser presidente.