Silvia Waiãpi denuncia ONG do AP por proibir crianças indígenas de falar portugues

Deputada crticou ONGs e atuação do Ibama que atuam contra o produtor, enquanto o narcotráfico age livremente.
Silvia Waiãpi disse que a soberania do Brasil na Amazonia está em risco. Foto: Pedro França.

Em depoimento nesta terça-feira, 1, à CPI das ONGs, no Senado Federal, a deputada federal Silvia Waiãpi (PL-AP) denunciou a atuação do Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé), uma organização não-governamental do Amapá fundada por uma antropóloga belga e financiada, segundo a parlamentar, por 22 instituições, muitas delas internacionais.

“Há mais de 40 anos o Iepé mantem o povo Waiãpi no passado, não deixam se desenvolver, proibindo as crianças de falar português. As crianças Waiãpi são proibidas de falar português,” disse a deputada, que no começo da exposição fez um comovente relato sobre a história de sua vida.

Separada da família, ainda adolescente foi sozinha para o Rio de Janeiro, grávida, sendo a primeira mulher indígena a ingressar no Exército e se formou em fisioterapia.

“A única coisa que essa ONG e as instituições que a financiam sabem fazer é impedir o povo de ter acesso ao desenvolvimento. E por mais que você tente romper isso você será impedido, silenciado, descredenciado,” disse.

A seu pedido, a CPI exibiu um vídeo em que uma jovem indígena pede ajuda à deputada para que o povo da aldeia tenha energia elétrica para armazenar veneno contra cobra, e poço artesiano para ter agua com qualidade mas o “Iepé não deixa” conta a jovem.

Dentre as instituições que doam para o Iepé estão a Fundação Ford, a Comissão Europeia, Agência Francesa de Desenvolvimento, a Unesco, a Internews, Natura Conservation, Moore-Gordon and Betty Moore Foundation, Fundo Lira, Fastenaktion, Gíz, Aliança pelo Clima e Uso da Terra dentre outras.

São muitos os parceiros, e a Iepé banca ainda, segundo a deputada, o Conselho das Aldeias Wajãpí (Apina), que ataca a reputação dela, refutando sua origem indígena.

A deputada Silvia disse ainda que os indígenas da sua etnia que querem dominar a língua portuguesa, estudar, os que se “atrevem a ter pensamento livre como eu” também são “calados, desconsiderados, desqualificados e descredibilizados.”

Outra denúncia da deputada é o financiamento frequente por parte de ongs e instituições como a Fundação Ford de viagens para o exterior de indígenas brasileiros com intuito de falar “mal do nosso próprio país.”

“Eles atentam contra a economia da nação, inclusive falando mal do agro brasileiro,” disse, entregando à CPI uma cópia de matéria de 2017 cujo título é “Fundação Ford patrocina delegação indígena crítica do agronegócio brasileiro na COP 23.”

“Eu não estou aqui defendendo o agro, a mineração, mas sim a nação brasileira que corre gaves riscos com a sua soberania, porque a nação brasileira tem sofrido interferências de ONGs e instituições internacionais que querem impedir o desenvolvimento do Brasil e manter sob jugo e cárcere verde boa parte da população brasileira que vive no Norte do Brasil,” declarou a deputada.

Ela ficou comovida quando disse que no Amapá, por causa do impedimento feito por ONGs e instituições doadoras, a pobreza tem causado sofrimento e crueldade insuportáveis.

“Quando falamos em cárcere verde, falamos de um povo que vive em completa dificuldade; a pobreza obriga que as mulheres se prostituam na estrada. O crime organizado se aproveita da situação e está vendendo, pelo whatsapp, crianças de até 5 anos para ser abusadas sexualmente no norte brasileiro,” contou.

A deputada disse que foram presos nove integrantes do grupo por agenciarem meninos de 2 anos para ser abusados no Amapá.

“Até quando essas organizações irão interferir no norte brasileiro? Não perguntaram para nós se queríamos pagar a conta mais severa, perdendo a nossa dignidade, perdendo o nosso futuro, perdendo o nosso pertencimento; não nos perguntaram se queríamos perder nossos filhos para o tráfico de órgãos, “ disse, realçando que o Amapá é rota de trafico humano.

Silvia Waiãpi criticou ainda a atuação do Ibama. “Vemos o Ibama atuando plenamente no norte contra o produtor, contra aquele que deseja se desenvolver e gerar emprego, e não vemos um aparato tão violento quanto o do Ibama no combate ao narcotráfico naquela região. São dois pesos e duas medidas,” diz.

Sônia Guajajara

Não faltaram críticas à ministra dos Povos Originários, a ativista Sonia Guajajara, que usa do mesmo discurso de ONGs centrado no argumento de que os povos indígenas não podem plantar, não é parte da cultura deles, mas defende a legalização da maconha em terras indígenas, denunciou a parlamentar.

Para comprovar, apresentou um print de uma publicação em rede social da ministra, do ano de 2018, em que ela pede a legalização da maconha, sob argumento de que faz parte da cultura indígena.

“É só fazer uma breve pesquisa para ver que o uso da maconha não faz parte da cultura indígena. Não é. Passam a defender isso, inclusive dentro do Congresso, para incutir na sociedade essa prática, essa aceitação, e de outro lado as ONGs e o próprio poder público não deixam nosso povo plantar feijão, arroz, banana, deixam que vivam no passado, como em 1500,” disse.

Magazine Luiza

Silvia, que em reunião anterior tinha comprado pela internet cogumelos proteicos da TI Ianomami do site do Instituto SocioAmbiental (ISA), atividade pela qual a comunidade indígena quase nada recebe – a CPI promete investigar – mostrou os pacotes comprados, e apresentou uma caixa embalada com o mesmo tipo de cogumelo comercializado por nada mais nada menos do que o Magazine Luíza.

“É mais um que está financiamento a fome dos ianonamis. Eles não tem caça, eles não tem pesca, eles passam fome e não acham mais seu cogumelo proteico.”

Veja video com depoimento da deputada: