Camilo vai ter de explicar corte de verba da Capes, zero gasto na alfabetização e provas do Enem  

Governo não aplicou um centavo dos R$ 2 bilhões anunciados em junho em novo programa de alfabetização.
Ministro da Educação, Camilo Santana, é convidado pelo senador Alessandro Vieira. Foto: Pablo Valadares.

Três comissões da Câmara dos Deputados se juntaram para ouvir explicações do ministro Camilo Santana (Educação) sobre o corte de R$ 116 milhões na verba da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); zero investimento no Programa de Alfabetização, lançado com estardalhaço pelo governo V do PT; provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e criação de um curso de Medicina exclusivo para o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) entre outros assuntos.

São 14 requerimentos de diversos deputados das Comissões de Educação; de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural e de Fiscalização Financeira e Controle aprovados que pedem a presença de Camilo, marcada para quarta-feira, 22, às 9 h, com intuito de explicar as ações ou ausência delas na pasta da Educação.

Querem esclarecimentos sobre a última prova do Enem os deputados Zucco (Republicanos-RS), Capitão Alberto Neto (PL-AM) e Evair Vieira de Melo (PP-ES).

Eles consideram que houve politização das provas e discriminação do setor agropecuário, o que gerou inclusive pedido da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) pela anulação de três questões.

Evair de Melo disse, em seu requerimento, que houve uma abordagem unicamente critica sobre o setor agropecuário no Centro-Oeste, representando um “desserviço à nação.”

A Frente diz que tanto na prova de Ciências Humanas, como na de Ciências da Natureza e Matemática, questões relacionadas ao agronegócio cobraram conhecimentos sobre pesticidas e as consequências do desmatamento dos alunos, e trataram o setor de forma ideológica, sem critério científico ou acadêmico.

Para os deputados e para a FPA, as provas expuseram fatos negativos sem isenção, utilizando termos como “superexploração dos trabalhadores” e citando efeitos negativos dos agrotóxicos, parecendo desqualificar a atividade.

O avanço da produção de soja e as consequências para o desmatamento da floresta amazônica também foram tratados de forma pejorativa.

Os bloqueios e cortes no orçamento da Capes foram mencionados em requerimento dos deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO). O setor é responsável pelos cursos de mestrado, doutorado e pós-doutorado.

O deputado Junio Amaral (PL-MG) quer explicações sobre a falta de investimentos no programa “Compromisso Nacional Criança Alfabetizada,” lançado com pompa, mas que até agora não teve um centavo sequer dos R$ 2 bilhões anunciados pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva. Amaral também pedirá esclarecimentos maiores sobre  o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares.

O deputado Evair de Melo que explicações também sobre a inclusão do MST na Comissão Nacional de Educação do Campo e a criação de curso de medicina exclusivo para assentados da entidade em universidade federal.

O ministro Camilo Santana começa a ser considerado, entre os parlamentares do Congresso Nacional, um dos piores ministros do V governo do PT.