Carmem Lúcia, do aplaudido “cala a boca já morreu quem manda na minha boca sou eu,” votou a favor da censura no X

Em 2016, Carmem Lúcia disse a aplaudida frase ao votar contra a proibição de biografias não autorizadas. Ela mudou desde então.
A ministra disse que Elon Musk não tem compromisso com o Direito. Foto: Wilson Dias.

A ministra Carmem Lúcia, desde as eleições de 2022 não é mais a mesma do já distante ano de 2016 quando num julgamento sobre edição de biografias não autorizadas disse “cala a boca já morreu, quem manda na minha boca sou eu.”

Foi contra a censura e recolhimento de biografias de celebridades e afins que não expressassem exatamente o que atingidos e familiares gostariam de ler.

Durante o processo eleitoral de 2022 tudo mudou rapidamente. A ministra disse não apoiar censura, mas avalizou o salvo conduto dado a Alexandre de Moraes para agir nas eleições como bem quisesse, tudo em nome da democracia. Quanta falácia! A eleição acabou, estamos noutra, e tudo continua como dantes.

A ministra parece ter tomado gosto da nova posição, tendo apoiado a censura do documentário “Quem mandou matar Jair Bolsonaro?” e dos vídeos nos quais o adversário político extremado da direita chamava de corrupto o presidente Lula.

O ex-presidente que ficou inelegível perdia todas, a extrema esquerda que embalava o petista ganhava todas. Justiça com dois pesos e duas medidas.

Corte rápido, estamos quase no final de 2024, quando Carmem Lúcia tem de se posicionar sobre a censura que Alexandre de Moraes impôs a mais de 20 milhões de pessoas no Brasil.

A ministra “esqueceu” uma parte da sociedade que ela disse clamar por civilização, votando pela manutenção da mordaça nos usuários da plataforma, considerando que está fazendo justiça para que não se prospere “interesses particulares embrulhados no papel crepom de telas brilhosas sem compromisso com o Direito.”

Nesse afã, Carmem Lúcia endossou uma medida desproporcional de Alexandre de Moraes, e Elon Musk, xingado pela esquerda, aspas a vontade, da mesma forma que outro bilionário, George Soros, é xingado pela direita, no seu descompromisso com o Direito não desembolsou um centavo da multa devida.

Os prejudicados até agora somos nós, usuários, jornalistas, profissionais que ganhavam o pão com a plataforma. Musk não indica preocupação com lucros que já não tinha do modo como esperavam executivos do X, adquirido por valores estratosféricos pelo empresário sul africano.

Ele explora o aumento da sua visibilidade num cenário conflituoso, desmoralizador para o STF, escalado por conta do voluntarismo de um único juiz que, entre outras irregularidades, bloqueou recursos da Starling e incluiu softwares de VPN na contenda, que sequer é parte no inquérito em andamento.

Com a chegada de painho de novo ao poder, Carmem Lúcia mudou bastante mais. Por que será?