Pedro Lupion diz ser inegociável proposta do STF que não contemple marco temporal

Proposta de Gilmar Mendes para alterar lei do Marco Temporal desagrada produtores rurais.
Deputado Pedro Lupion, presidente da FPA. Foto: Pablo Valadares.

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion, criticou o novo texto proposto pelo ministro Gilmar Mendes, do STF para alterar a lei (14.701/2023), que estabeleceu o Marco Temporal para demarcação de terras indígenas, em processo de conciliação iniciado em agosto do ano passado, com a participação de lideranças indígenas, produtores rurais e representantes dos Três Poderes e da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Mendes entregou o texto à comissão especial de conciliação sobre a Lei do Marco Temporal das Terras Indígenas, sem contemplar mudanças que a FPA gostaria de ver incluídas.

O ministro considera que a proteção aos direitos originários sobre as terras indígenas independe da existência de marco temporal datado de 5 de outubro de 1988, data em que a Constituição foi promulgada.

“Nós não concordamos que o texto de uma nova pretensa lei não contemple o marco temporal. Isso é inegociável. O marco temporal existe para garantir o direito a propriedade.  Nosso medo e nosso risco é que daqui a vinte, trinta ou quarenta anos alguém vá a uma área se julgando indígena originário e requisite essa área, que passa  a ser objeto de estudo,” diz em vídeo que circula em suas redes sociais.

O deputado continua: “E aconteça o que está acontecendo hoje em que produtores não tem seu cadastro rural ambiental ativo, que eles sejam cancelados, e assim não consigam acessar crédito e produzir em suas propriedades. Isso gera grande insegurança jurídica.”

À CNN, Lupion disse “causar estranheza” que o objetivo principal e talvez o cerne de toda a questão colocada nas audiências de conciliação são justamente a questão do marco temporal, questão “completamente esquecida, escondida, ou olvidada dentro do texto que foi apresentado.”

De acordo com Mendes, trata-se de um texto que pretende ser consenso entre as partes envolvidas, sobretudo entre ruralistas e indígenas. Ele deu prazo até dia 24 de fevereiro, próxima segunda-feira, para encerrar os trabalhos da conciliação, que são coordenados por seu juiz auxiliar Diego Viegas Veras.

O ministro do STF admitiu no texto a hipótese de exploração de minérios nas áreas indígenas, hoje não permitida, o que desagrada indígenas.