O INSS estuda parar de intermediar descontos mensais de associações e sindicatos e também consignados de aposentados e pensionistas após o estouro do escândalo da fraude na autarquia com a Operação Sem Desconto realizada no dia 23 de abril.
A informação foi dada pelo presidente da instituição, Gilberto Waller, durante entrevista ao Valor Econômico na última sexta-feira, 9.
“Está sendo repensado, porque há principalmente o risco de imagem. Isso [empréstimo consignado] é uma relação privada de empréstimo. Por que o INSS vai entrar nessa situação? Por que o INSS vai definir taxa de juros a ser aplicada? O INSS não tem esse papel. O nosso papel é conceder e garantir o benefício previdenciário”, disse.
O INSS se vê as voltas com duas apurações pela Polícia Federal e CGU envolvida. A primeira, que estourou dia 23, trata dos descontos não autorizados de aposentados e pensionistas, direto na folha de pagamento, por 29 entidades e sindicatos que tem convênio com o INSS por meio do Acordo de Cooperação Técnica (ACT).
A outra ponta do rombo que atinge esses mesmos beneficiários é o empréstimo consignado. Foi revelado que somente em 2023 ocorreram 35 mil reclamações de beneficiários que não pediram empréstimo consignado, e um montante a ser depurado de R$ 90 bilhões.
Segundo o blog do jornalista Valdo Cruz, a equipe econômica é a favor da extinção desses abatimentos pelo INSS. O próprio ex-ministro Carlos Lupi havia defendido a medida antes de cair do cargo, segundo o colunista.
Já integrantes do meio político instalados no governo e aliados de Lula da Silva nas corporações sindicais se posicionam contra, preferindo manter os descontos que forem devidamente autorizados.
É evidente o motivo: com o fim do imposto sindical, essas entidades, e ainda mais agora, muito próximas do lulopetismo, querem uma maneira de financiar sua existência. E sempre haverá uma maneira de se obter um ganho extra para quem orbita nesse universo, diante da frouxidão de regras e da instalação da política dentro do órgão.
Não se pode esquecer que a Previdência é o maior pagador do país, tem R$ 1 trilhão para gastar.