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Porto Velho é uma das capitais que menos investem em saneamento

Levantamento do Instituto Trata Brasil aponta que os municípios que mais precisam de saneamento básico são os que menos investem. Foto: Comunicação Prefeitura.

Levantamento do Instituto Trata Brasil, divulgado nesta terça-feira (23), aponta que os municípios que mais precisam de saneamento básico são os que menos investem. Porto Velho está entre eles. Investiu nos últimos 5 anos (2013-2017) R$ 61,86 milhões, ganhando apenas de Macapá (R$ 37,96 milhões) e Teresina (R$ 55,27 milhões).

Porto Velho: elevado índice de perda de água tratada.Foto: Comunicação Prefeitura.

A capital se mantem entre os 20 piores municípios do Brasil na oferta de saneamento, aparecendo 8 vezes nessa lista nas últimas posições. O  Ranking do Saneamento Básico – 100 Maiores Cidades do Brasil Trata Brasil leva em consideração índices de atendimento total em coleta e tratamento de esgoto, atendimento total em distribuição de água tratada, atendimento para a população urbana tanto em um quanto outro indicador, perdas na rede de distribuição, perdas no faturamento, número de novas ligações e investimento entre outros.

O estudo é feito com base nos dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, de 2017.

A evolução dos investimentos (milhões de reais) em Porto Velho, que entre as 20 piores cidades analisadas tem cobertura de apenas 31,78% de atendimento total de água tratada, indicador que a coloca no último lugar do ranking geral, é a seguinte: 0,7 (2013); 5,26 (2014); 4,5 (2015); 4,61 (2016) e 46,79 (2017).

A média anual por habitante, de R$ 23,82,  só é maior do que Macapá, R$ 15,99 e Teresina (R$ 13). Surpreende, na região Norte, avaliada em vários estudos como a mais deficitária em saneamento, o investimento médio anual por habitante em Boa Vista, capital de Roraima – R$ 214,75. Chega a R$ 356,5 milhões o investimento em 5 anos.

Sete cidades da região estão entre as 20 piores em saneamento: Porto Velho, Rio Branco(AC), Manaus (AM), Belém, Santarém e Ananindeua (PA) e Macapá (AP), e com exceção de Manaus, Rio Branco e Belém, desde 2012 todas as demais cidades estão nos últimos lugares do ranking.

Dos oito indicadores mais importantes, Porto Velho dispara como o mais problemático em três deles. Além do de água tratada, já supracitado, o indicador de perdas no faturamento é de 73,55% e o indicador de perda de água na distribuição é de 77,11%.

O Trata Brasil aponta que no que diz respeito ao indicador de perdas de faturamento, todos os municípios (da categoria piores) possuem níveis de perdas acima de 30%, o dobro do parâmetro considerado adequado de 15%. Como se nota, Porto Velho

O município paraense de Ananindeua tem o pior indicador de atendimento total de esgoto, próximo a zero (0,98%). Santarém vem a seguir, com 4,27% e Porto Velho com 4,58%.  No recorte para atendimento urbano apenas, a capital de Rondônia passa para o 2º pior lugar, com 5,02% e Santarém pula para 5,82%.

Apenas 1,01% de ampliação no atendimento de água em 5 anos

A evolução no atendimento de água tratada tem sido lenta em Porto Velho. Nos últimos cinco anos, o percentual é o seguinte: 30,77% (2013); 31,43% (2014); 33,96% (2015); 33,05 (2016) e 31,78% (2017), resultando num aumento de cobertura de apenas 1,01%.

As capitais apresentaram, na média, um aumento no atendimento de água de 0,38%.

Na coleta de esgotos, a evolução em Porto Velho ocorreu da seguinte maneira: 2,72% (2013); 2,04% (2014); 3,71% (2015); 3,39% (2016); 4,58% (2017), com um índice de 1,86% na evolução.

No tratamento de esgoto, as capitais avançaram, em média, 8,26% no quesito de tratamento de esgoto. Porto Velho avançou 2,55%. Os números de cada ano são: 0,00% (2013);  0,00% (2014); 0,00% (2015);1,54 (2016) e 2,55% (2017).

 Desigualdade aumenta 

Os 20 municípios brasileiros com os melhores índices de saneamento têm investimento médio anual por habitante de R$ 84,61 no setor,  mais de três vezes o valor gasto pelos vinte mais mal colocados no ranking, de R$ 25,02.

Em cinco anos, o primeiro grupo investiu cerca de R$ 15,08 bilhões, cinco vezes o valor desembolsado pelos 20 piores, de R$ 2,67 bilhões.

“Quem está perto da universalização continua investindo muito mais. Os últimos 20 estão há dez anos nessas posições. Então aumenta cada vez mais a desigualdade”, diz o presidente-executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos.

Trata Brasil

O Instituto Trata Brasil é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), formado por empresas com interesse nos avanços do saneamento básico e na proteção dos recursos hídricos do país. Existe desde 2007, atuando para que ocorra a universalização do saneamento básico no Brasil. Para a Oscip, não haverá desenvolvimento no país se não houver 100% de atendimento em agua tratada e distribuída e coleta e tratamento de esgoto.

O estudo deste ano de 2019 aponta que os investimentos caíram muito nos últimos anos em várias regiões do país.