Video em tom dramático diz que Bolsonaro “é a única esperança de dias melhores.”
O presidente Jair Bolsonaro chegou ao ápice da incapacidade de governar com as demais estruturas de poderes constitucionalmente estabelecidos na democracia. A jornalista Vera Magalhaes, do jornal “O Estado de São Paulo”, revelou nesta terça-feira (25) de Carnaval que Bolsonaro está distribuindo, do celular pessoal, via whatsapp, vídeo em tom dramático, mostrando a facada que recebeu em Juiz de Fora (MG), exaltando que ele “quase morreu” pelo Brasil e que agora o país precisa salvá-lo do Congresso Nacional e da “esquerda corrupta e sanguinária.”
O vídeo convoca manifestantes para ato em defesa do governo contra o Congresso Nacional para o dia 15 de março. A convocação surgiu porque na semana passada uma conversa do general Augusto Heleno com colegas foi vazada pelo microfone do Palácio do Planalto. Ele dizia que os deputados e senadores “são chantagistas” e que o governo deveria incentivar as pessoas a irem às ruas pressionar os congressistas.
Mais cedo, nas redes sociais, um panfleto com a convocação traz as imagens do general Heleno, Mourão (vice-presidente) e outros militares que compõem o governo avalizando o protesto que tem como slogan “Fora Maia e Alcolumbre.”
O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, exonerado da Secretaria de Governo em junho do ano passado, disse no twiteer que o panfleto era uma montagem, que o Exército não fugirá das suas obrigações, em defesa da pátria e garantia dos poderes constitucionais. Mourão e Augusto Heleno não se manifestaram.
Com som do hino nacional ao fundo, letreiro sobreposto às imagens do hospital, da recuperação e aparições públicas o vídeo distribuído pelo presidente diz ainda que ele “sofre calúnias e mentiras por fazer o melhor por nós” e que Bolsonaro “é a única esperança de dias cada vez melhores”.
Em pouco mais de um ano de governo, o presidente Jair Bolsonaro ofereceu inúmeras demonstrações de que o poder, para ele, só serve se exercido sem contrapesos fundamentais no regime democrático, e o autoritarismo revelado em suas ações e comportamento o isola cada vez mais de uma convivência harmônica com os demais poderes.
As instituições não são perfeitas. São seres humanos que as dirigem, transformam, alteram estruturas e competências. Ruim com elas, muito pior sem elas. O Brasil não pode continuar a fulanizar os nomes dos dirigentes de plantão – precisa valorizar e debater as instituições.
O Presidente da República não é militante. Ele é, sobretudo, o chefe do outro braço do Poder, o Executivo. Inadmissível, nesta condição, agir como se fosse um militante estudantil ou partidário, incendiando as ruas do país que preside. Não é a primeira vez que Jair Bolsonaro assim age, para jogar o povo contra o Congresso Nacional.
Até quando?
Abaixo link do vídeo.