A cada ano, quando chega o Dia Internacional da Mulher, somos bombardeados com números da barbárie. A barbárie que está no cotidiano, estampada diariamente nos jornais, exemplarmente cometida com o uso de facão, canivete, pau, machado, arma de fogo, tesoura, pedra e, principalmente, facas.
Exemplarmente cometida. Pelo macho. O companheiro em praticamente todos os casos, que apela à maneira mais cruel de brutalidade para gritar mesmo que odeia o outro gênero, a mulher de sua convivência, muitas vezes companheira de toda uma vida.
Fico a me perguntar se essa barbárie é para todo o sempre. Fico a me perguntar de que forma essa barbárie pode ser vencida, eliminada, expurgada, a toda hora entrando na nossa casa, uma violência midiática que garante vasta e banalizada audiência.
É uma pandemia global, como disse o secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, em 2018. E a violência só recrudesce. O Brasil é o quinto país do mundo em casos de feminicídio, incluído no Código Penal em 2015. E compete no mundo para galgar o pódio da barbaridade.
O feminicídio no Brasil aumentou 7% em 2019 em relação a 2018. Foram 1314 registros de feminicídio do total de 3.739 assassinatos. Mulheres são mortas por ser mulheres.
“A violência contra as mulheres e meninas, em todas as suas formas, é a manifestação de uma profunda falta de respeito, o fracasso dos homens em reconhecer a igualdade e a dignidade inerentes às mulheres”, disse Guterres por ocasião de reunião anual da ONU.
O fracasso em reconhecer que as mulheres ousaram fazer revolução no campo dos direitos civis e políticos e foram bem sucedidas. E ao invés das conquistas gerarem orgulho, geram desprezo em muitos lares, lares dominados pelo machismo e pela estupidez.
O latino desqualifica o progresso das mulheres que, no Brasil, tem mais anos de estudo do que os homens.
Vivemos a existência de uma barbárie vingativa. Será para sempre?