Está por um fio o apoio do DEM a Jair Bolsonaro presidente.
Desmoralizado, desacreditado e sozinho na loucura de mandar as crianças de volta para a escola e tirar todo mundo de casa, o presidente Bolsonaro parecia na solenidade de troca do cargo de ministro da Saúde estar no pior dos mundos.
Parecia tenso demais, exausto demais, mas mesmo assim achou tempo no final do dia para uma entrevista à CNN para fazer o que mais gosta: incendiar o parlamento, atirando labaredas na direção do presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia.
Vi o mais duro ataque a Maia até agora. Disse que o deputado faz um péssimo trabalho, que conspira para derrubar ele (Bolsonaro) do cargo e que o deputado quer diálogo para enfiar “a faca” no presidente, insinuando corrupção. Maia, entrevistado pela mesma CNN, disse que não vai atacar o presidente e enquanto ele “joga pedras o parlamento joga flores.”
A queda de braço que terminou no campo do Ministério da Saúde, se transfere agora para a Câmara dos Deputados, e tem a ver com a aprovação da ajuda a estados e munícipios no valor de mais de 80 bilhões de reais. O governo, atrasado como sempre nas pautas de urgência para enfrentamento da onda coronavírus, diverge totalmente da medida.
Maia acusa a equipe econômica de difundir números fake, e que o valor a ser transferido diretamente a estados e municípios pelo governo, como quer a equipe econômica, é de R$ 22 bilhões e não R$ 77 bilhões como o executivo tinha anunciado.
Ao dizer cobras e lagartos de Rodrigo Maia, Bolsonaro, obviamente, quer mudar o foco do noticiário junto à opinião publica porque sabe que suas provocações de desobediência ao princípio do isolamento e a fritura durante dias a Mandetta estão custando muito caro a sua imagem. Fala ao grupo fidelizado, ao grupo do Fora Maia, Fora Congresso.
Bolsonaro, que começou a conversar com parlamentares do centrão, grupo do qual um dia fez parte e os acusa de velha política, desafia lideranças que se destacam no DEM, a cada dia, porque se sente atingido na liderança que julga ter e, mente doentia, só pensa na futura eleição. Lamentável.
Já disse aqui que um dos maiores erros do presidente foi ter saído do PSL, partido que fez o maior número de deputados. Criou a Aliança para o Brasil, que não sai do papel, não vai competir nestas eleições, e nem disse a que veio. Sem o partido, não tem um ponto de apoio e sustentação.
Só para lembrar, o DEM ajudou sim Bolsonaro mas não fez indicações para ministérios. As escolhas foram pessoais, do próprio presidente, como a do ministro Onyx Lorenzoni. O partido tem correspondido na votação dos projetos, mas age de maneira independente.
Está por um fio seu apoio a Jair Bolsonaro presidente. É o que diz nas entrelinhas a entrevista do presidente nacional do partido prefeito ACM Neto, de Salvador.