“A vacina do Butantã será a vacina brasileira. Ele compra substâncias necessárias e fabrica a vacina. E, com isso, o registro entra pela Anvisa. E não vem pela Anvisa chinesa. Isso nos dá mais segurança, isso nos dá também mais liberdade de manobra para chegar com antecedência.”
Palavras de 20 de outubro, há quase 2 meses, ditas pelo ministro Eduardo Pazuello (Saúde) em reunião virtual com 24 governadores, quando pela primeira vez elogiou o Instituto Butantã, um centro de pesquisa centenário que segundo o próprio ministro é o grande fabricante de vacinas para o Ministério da Saúde, para o SUS. 75% das vacinas são do Butantã.
Nesse dia, caríssimos, o ministro disse que havia feito compromisso de compra para garantir a Coronavac rapidamente, um produto fabricado em casa, à mão, para colocar em prática o Plano Nacional de Imunizações. Mas, então, o chefe capitão veio a público desautorizar o ministro general, para mim o mais grave e perigoso gesto político do presidente boçal, atormentado pela bem-sucedida condução do enfrentamento da pandemia pelo governador João Dória, gestor com possibilidade real de vir a ser candidato a Presidente da República.
Grave porque àquela altura agira certo o ministro, àquela altura muitos países já haviam garantido lugar na fila para comprar vacina, e o Brasil nada. Perigoso, porque enquanto o boçal desdenha de vidas e das providências para se ter vacina, mais gente morre de norte a sul do Brasil.
O boçal Bolsonaro não apenas nutre paranoia política contra João Dória. Ele vê inimigo para todo lado. E por demonstrar disposição ideológica extremada contra quem pensa diferente e contra a China, país sede da farmacêutica parceira do Butantã, atua também para destruir legados. O Butantã é um deles.
Depois daquela reunião, boa parte do mundo fechou contratos, protegeu sua população, e o ministro Pazuello continuou jogando parado. Gaguejando em uma coletiva de imprensa, mentiu ao dizer que o laboratório Pzfizer poderia entregar doses ao Brasil para começar a vacinação entre dezembro e janeiro.
E por que ele disse o que não poderia sustentar, a mando do chefe mais uma vez? Por causa do protagonismo positivo do governador Dória! Ele disse que no dia 25 de janeiro a população do mais importante Estado do país começa a ser vacinada. E no dia seguinte à entrevista de Pazuello, no dia 10, aliás justo no Dia Internacional dos Direitos Humanos – e a vida é o maior dos direitos -, o governador de São Paulo anuncia que o Butantã começou a produzir a vacina a todo vapor.
Um golaço, insuportável para o presidente boçal. Aposto que ele torce para tudo dar errado para Dória. Não está nem aí para o povo.
E eu disse que o sinistro, ops, ministro, mentiu. Sim, de inopino o presidente da Pfizer no Brasil, Carlos Murillo, disse que a empresa só poderá começar a entregar doses da vacina contra o novo coronavírus ao país no primeiro trimestre de 2021. Mais: que nenhum contrato com o governo do boçal presidente foi assinado. Que o laboratório formalizou a proposta para a venda da vacina ao governo federal há quatro meses, em agosto!
Na Câmara dos Deputados, o executivo alertou: “Quanto mais demorarmos em assinar o contrato, menos segurança em termos essas doses lá na frente. Alguns países assinaram um tempo atrás e, por isso, já estão começando a vacinar.”
Genial e operante este governo de boçais não? É um governo cruel. Se assim não fosse, jamais o chefe capitão teria negado a pandemia, e a esta altura já teria o plano de vacinação para o país continental, multifacetado, indisciplinado na pandemia e desigual talvez como nunca tenha sido, até mesmo na época das capitanias hereditárias.
Com esse resumido memorial dos últimos dias, e por tudo mais de patético e inacreditável que assistimos há dois anos, custa acreditar que homens públicos inteligentes e de carreira política sólida ainda venham ao socorro do boçal presidente.
Pois não é que Ronaldo Caiado se prestou a serviçal? Dia seguinte ao golaço de João Dória, saiu-se com essa no twiteer: “Toda e qualquer vacina registrada, produzida ou importada no país será requisitada, centralizada e distribuída aos Estados pelo Ministério da Saúde. Pazuello me informou isso aqui em Goiânia, hoje. Nenhum Estado vai fazer politicagem e escolher quem vai viver ou morrer de Covid.”
É mesmo governador? Seja justo: quem escolheu a vida foi o comando do governo paulista. O do país escolheu a galhofa, a desmoralização e a morte. Recusou a liderança da crise da pandemia. Mais: a MP insolente do confisco que o senhor aprova não passará.
Simplesmente porque o boçal presidente e o sinistro Pazuello, omissos para com o dever de casa, serão devidamente condenados a não impedir que Dória e outros 11 gestores (por enquanto) da federação façam o que majoritariamente a população espera.
Veja video da reunião de outubro com os governadores: