O governo enfim oficializou o empréstimo consignado para trabalhadores da iniciativa privada, esperando-se alcançar um público de 47 milhões de formais, que inclui empregados domésticos, não obstante existirem no país 73,10 milhões de pessoas endividadas segundo levantamento divulgado em dezembro passado pelo Serasa.
O ano de 2025 iniciou com 76% das famílias endividadas. São números que apontam para o crescimento da inadimplência, e mostram que o Desenrola nada desenrolou porque no lançamento da política o nível de endividamento era praticamente o mesmo.
Há um percentual superior a 20% comprometendo mais da metade dos rendimentos com pagamento de dívida.
Então, por que diabos o governo Lula 3 lança a medida? Demagogia eleitoral pura e simples. Cálculo para reverter baixa popularidade e má avaliação governamental. Negócio com os bancos, notórios financiadores alguns de campanhas lulopetistas. É o velho e surrado jeito lulista de explodir crédito na praça custe o que custar. Dane-se o trabalhador e o país.
A inadimplência não vai estancar diante da prática de juro escorchante e inflação, em especial dos alimentos, política praticada pelo governo que pateticamente lança medidas inócuas, levando famílias ao endividamento para comprar inclusive comida.
E mesmo com redução de juro no consignado, 40% ao ano continua criminoso diante da massa salarial gigantesca não superior a R$ 3 mil de rendimentos, vergonha no Brasil de tantas possibilidades e absurdamente desigual.
Evidente que o governo não ignora a realidade do endividamento e inadimplência, mas no ato de assinatura da MP 1292, que insere o processo de acesso ao consignado por meio de plataforma digital do próprio Ministério do Trabalho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como “revolução” a medida e disse que “o crédito será barato para as pessoas saírem das mãos do agiota.”
É constrangedor. Esse novo capítulo de demagogia eleitoral é perverso e mentiroso, aliás como toda demagogia. E no caso o governo tunga o FGTS do trabalhador em garantia aos bancos, com quem o governo lulopetista desenvolve ligação danosa aos interesses nacionais. Entrega enorme fatia do orçamento público à banca. Agora, privatiza o FGTS!
A “agiotagem oficial” é praticada desde o início do governo Lula 3 com os juros mais altos do mundo. A cruzada contínua de favorecimentos aos abastados, o que impede de se fazer investimentos necessários a tantas demandas do Brasil, patrocinada por um partido e político que há muito renunciaram a qualquer princípio está destruindo vidas inteiras país afora.
A “revolução” do consumo permitida com a nova modalidade de crédito para celetistas a que alude o presidente, que não tem a mínima responsabilidade fiscal, vai gerar mais inflação e inadimplência, deixando a porta aberta – de propósito – para o Banco Central que, sob alegação de que não há contenção do crédito e do consumo, vai elevar ainda mais os juros, afetando a indústria e demais setores produtivos do país.
A “revolução” badalada no evento de quarta-feira, 12, tem contorno dramaticamente ruim para o trabalhador desde que a ideia do consignado foi noticiada na imprensa.
O governo se reuniu com os banqueiros em janeiro para acertar o uso do FGTS, uma isca apetitosa com bilhões de reais tutelados pelo governo federal para gente que não rasga dinheiro e quer sempre mais, porém do outro lado da mesa não havia ao que se sabe representantes de trabalhadores, e o ministro do Trabalho silenciou.
Sem ser consultados sobre o uso da espécie de poupança a que recorrem em momento de desespero em família, desemprego ou compra de uma casa os trabalhadores que acessarem o consignado precisam pensar duas vezes antes de aquiescer ao incentivo de endividamento proposto pelo presidente Lula, que manipula o sentimento e aflição dos eleitores ao dizer que não quer endividar ninguém.
O Brasil está de ponta-cabeça. A instabilidade econômica e falta de previsibilidade jurídica indicam: cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.
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