Chico Alves, Colunista do UOL 31/03/2021
Trinta e seis anos após o fim da ditadura militar, muitos brasileiros ainda mantêm a convicção de que os governos do período de exceção praticavam menos atos de corrupção que os posteriores. O professor de História Pedro Henrique Pedreira de Campos, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, pesquisa justamente as maracutaias praticadas pelos integrantes das Forças Armadas no período autoritário e discorda radicalmente. “A ditadura militar foi um celeiro de corrupção”, garantiu o historiador à coluna.
Campos é autor do livro “Estranhas Catedrais” (Eduff), lançado em 2014, e ganhador do Prêmio Jabuti. A obra trata do assunto. Nesses seis anos a pesquisa continuou e o historiador agora se debruça sobre os malfeitos da parceria entre empreiteiras e militares brasileiros no exterior.
O professor atribui ao cerceamento de informações e à limitação do funcionamento dos órgãos de fiscalização na ditadura o fato de escândalos de corrupção não terem chegado ao conhecimento da população.
“A gente não tinha esses mecanismos funcionando de forma ampla durante aquele período”, diz Campos. “Menos denúncias de corrupção apareciam na mídia, em ambientes públicos, no Parlamento”.
Para o pesquisador, no entanto, o atual protagonismo dos militares no Poder Executivo vai arranhar essa noção de que são incorruptíveis.
“A impressão é de que a imagem pública que temos acerca das Forças Armadas pode mudar significativamente durante o governo Bolsonaro”, acredita.
UOL – Quais as novidades na sua pesquisa sobre práticas de corrupção das empreiteiras no período da ditadura militar?
Pedro Henrique Pedreira de Campos – Na minha tese pesquisei as empreiteiras durante a ditadura, a ideia era descobrir por que elas se tornaram tão poderosas econômica e politicamente. Eu achei que pesquisando o período da ditadura poderia ter uma resposta a essa pergunta, tendo em vista todo o imaginário criado em torno das obras feitas naquele período. Grandes projetos, Transamazônica, Angra, Itaipu, etc.
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