A CPI das ONGs completa dois meses de trabalho nesta segunda-feira, 14 de agosto. Toda terça-feira, 11 horas, no Senado Federal, o colegiado lá está, cumprindo seu papel: investigar as organizações não-governamentais que a pretexto de salvaguardar da destruição a Amazonia desviam a finalidade para as quais foram criadas e, mediante a captação de vultosos recursos internacionais, de governos ou entidades de países ricos, manipulam as comunidades tradicionais.
Impedem seu desenvolvimento e a mais básica assistência aos povos indígenas com o argumento de que conflitam com a sua cultura, mantendo intactos assim os interesses econômicos daqueles que bancam sua ampla atuação.
Irrigadas com muito dinheiro, e em conluio com o governo federal, influenciaram na criação de vastas reservas, expulsando moradores, reservas essas continuamente invadidas e saqueadas pelo crime organizado. E os amazônidas mais pobres e desassistidos do que nunca. Como bem explicitou o autor de Máfia Verde, o jornalista Lorenzo Carrasco, isso é parte de uma clara política para expulsar os locais de suas terras, da nossa Amazonia.
Ressalvadas, que fique bem claro, as organizações que não desviam função para atender a atividade meio, ou seja, pagar integrantes e boa vida a eles, nem deixam de prestam contas aos governos que celebram contratos com elas. A CPI está muito focada com desvios, naquelas entidades que do exterior recebem regras e orientação para ditar ao Brasil o que deve ou não se fazer na Amazonia.
No período, a imprensa graúda, e muito especialmente as redes de televisão, jamais deram atenção à CPI das ONGs. Peritas em investigar, cheias de dinheiro, se quisessem muitas perguntas teriam a fazer em reportagens promissoras, verdadeiras e transparentes para o povo brasileiro, focadas no interesse nacional, e na soberania sobre a região mais rica do planeta.
Com exceção da TV Bandeirantes, lavam a mão igual Pilatos, hostilizam os que defendem a soberania nacional, ignoram os que trazem a luz questões como a prostituição entre o Estado e um punhado de ONGs que assessoram e fazem políticas públicas contrárias ao interesse brasileiro.
Algumas notáveis matérias poderiam ser feitas para esclarecer o distinto público e até mesmo colaborar com a CPI, pressionada a não ser instalada há mais de três anos. Afinal, pretende abrir a caixa preta do Fundo Amazônia, mantido com “doações” de países como a Noruega. O fundo é operado no escuro, ninguém sabe para onde os bilhões que nele entraram estão sendo exatamente destinados.
São indagações trazidas à luz do sol pelo colegiado:
- O que os indígenas de Roraima, da TI Ianomami, estão ganhando exatamente com a coleta de cogumelos proteicos vendidos no site do Instituto Socioambiental e Magazine Luiza? A ONG e a loja comercializam esses produtos de que forma, como pagam os indígenas, quais são seus lucros, destinam algo para ajudar os indígenas? Denúncia de exploração do trabalho indígena e irrisória remuneração são lacunas a explorar, papel da imprensa o de perguntar;
- Por que o Instituto Socioambiental não permite uma estrada de apenas 16 quilômetros para que os Kuropako, no Amazonas, evitem o perigo de morte em 9 corredeiras perigosas até São Gabriel da Cachoeira para receber benefício social e saúde no posto? Denúncia feita também por liderança indígena, mas nenhuma TV de abrangência nacional foi lá verificar;
- O ex-ministro Aldo Rebelo disse em claro e bom tom que na Amazonia existem dois estados paralelos: o das ONGs e do narcotráfico. O ex-ministro, que escreve um livro sobre a região e foi impedido por ONG de entrar em uma reserva, não ganhou manchete; nenhuma equipe foi verificar, mapear e caracterizar essas duas estruturas por Aldo identificadas;
- A deputada Silvia Waiãpi (PL-AP) disse que a ONG Iepé, fundada por uma antropóloga belga, proíbe o ensino de língua portuguesa aos indígenas, algo gravíssimo. Disse também que ela recebe dinheiro de 22 instituições internacionais, inclusive embaixadas de países como a Alemanha. Alguma emissora de TV quis saber disso, algum grande jornal?
- A CPI já anunciou que irá ouvir antropólogos que fizeram laudos para ONGs, especialmente o ISA, que atua fortemente para a criação de terras indígenas. Existe informação de profissionais que foram afastados porque questionaram a atuação da ONG. Nenhum jornalista também quis saber sobre isso.
É uma pequena lista de temas que urgem apuração. Há muito mais a checar nos dois meses de atuação. O que me apavora é o descaso em relação a Amazonia. A imensa maioria de brasileiros e mesmo de amazônidas ainda ignora essa vasta região, responsável por 60% do território nacional.
O não conhecer, a ignorância, a indiferença, o não querer conhecer são aliados da pilhagem reinante diz bem João Meirelles Filho em seu Livro de Ouro Sobre a Amazonia.
A imprensa cobra repressão dura para dar respostas aos de fora, a quem os jornalões sempre ofereceram bajulação canina, mas pouco cobra das autoridades do Brasil respostas à melhoria da qualidade de vida de mais de 30 milhões de brasileiros que vivem na região.
E também a utilização adequada e planejada dos bens a que o padre Vieira, no Brasil Colônia, aludia em sermão de 1640: “Eles não querem nosso bem, mas nossos bens.” É vital que a imprensa reveja sua atuação.
A CPI é presidida pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM); vice-presidente Jaime Bagattoli (PL-RO) e relator é o senador Márcio Bittar (União-AC). As sessões ocorrem todas as terças-feiras, às 11 horas, no Senado Federal, com transmissão da TV da Casa.