Pesquisar
Close this search box.

A improbidade administrativa de Alcolumbre nas asas dos aviões da FAB

E embora Alcolumbre tenha se mantido retraído da mídia no período, há registros fartos de sua presença pedindo votos.
Davi Alcolumbre preside sessão de posse de novos senadores.Foto: Agência Senado.

Que chato essa imprensa chata.  O Estado de São Paulo revela nesta quarta-feira, 23, que David Alcolumbre (DEM-AP), o senador que pretendia esticar permanência no cargo de presidente do Senado, usou a farta aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para fazer campanha para seu irmão Josiel, candidato derrotado à prefeitura de Macapá.

Alcolumbre fez um roteiro que separam 1792 quilômetros Brasilia de Macapá no total de 14 vezes, entre os dias 9 de outubro e 18 de dezembro em aviões da FAB. Uma farra eleitoral, que nada tem a ver com o decreto de março deste ano que disciplina o uso dessas aeronaves para as autoridades, entre elas o presidente do Senado.

Pelo decreto de uso das aeronaves da FAB são exigidas justificativas e comprovações que atestem a necessidade do uso dos aviões, autorizado em três situações: emergência médica, motivo de segurança e viagem a serviço.

Não se admite encher aviões de segurança, reservar de 14 a 20 assentos, e  sair em campanha para reverter queda nas pesquisas do irmão Josiel, especialmente no mês de novembro, quando os deslocamentos foram mais frequentes.

Lembrando que o TSE adiou para dezembro – 6 e 20 – a eleição em Macapá devido à convulsão social que se vislumbrava devido à falta de energia elétrica.  E foi justamente em novembro, antes da eleição e quando Josiel fez mais campanha de rua, que o uso de aeronaves pagas com o dinheiro do contribuinte  se fez mais frequente.

E embora Alcolumbre tenha se mantido retraído da mídia no período, há registros fartos de sua presença pedindo votos, promovendo reuniões. Vereadores do grupo do senador e o próprio Josiel o exibiam em redes sociais. Elas existem, ainda bem, e ninguém com vida pública passa incólume por elas.

A reportagem apurou que em setembro, período da pré-campanha, Alcolumbre não fez nenhuma viagem ao Amapá, seu estado natal, nenhuma viagem a serviço, o que é possível pelo decreto. Decidiu sacolejar pelos ares quando a candidatura de Josiel começou a fazer água, ou melhor, implodir, por causa do incêndio em subestação que deixou o Estado às escuras por quase três semanas.

Os tempos, definitivamente, são outros. Abusou do cargo é punido. Punido rapidamente pela opinião pública e pelos eleitores que em outros tempos só acompanhavam futebol e carnaval. Josiel não se elegeu, mesmo com todo apoio político, inclusive de Jair Bolsonaro.

A política entrou para valer na conversa de bar e dentro de casa, todo mundo sabe de tudo rapidamente também pelas redes sociais. Sabe, inclusive, que o quadro crítico do setor elétrico no Amapá é antigo, mas antigo já é também o período de 2 anos de gestão bolsonarista.

E a justiça? Não raro, ela se incomoda com os maiorais para manobrar processos caríssimos, satisfazendo o apetite de certos advogados e de membros da própria realeza togada que, distante do povo, finge não entender porque existe linchamento público das personalidades que deveriam honrar as instituições que comandam.

Leia:

DECRETO Nº 10.267, DE 5 DE MARÇO DE 2020 – USO DE AVIOE FAB