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Acusações contra Sergio Moro são atípicas, diz jurista Walter Maierovitch

O jurista disse que o procurador-geral da República carregou nas tintas em relação a Moro. Foto: Divulgação.

Blog da Mara

Convidado pela Globo News a analisar o inquérito solicitado pelo procurador-geral da República Augusto Aras para apurar as declarações do ex-ministro Sérgio Moro de interferência na Polícia Federal por parte do presidente Jair Bolsonaro, o juiz Walter Maierovitch disse que as três acusações atribuídas a Moro são atípicas.

“Até um reprovado no exame da OAB saberia que essas três acusações contra Moro são atípicas”, disse Maierovitch, referindo-se á denunciação caluniosa, crimes contra a honra (calunia e difamação) e prevaricação, citados na peça do procurador-geral enviada ao Supremo Tribunal Federal  (STF) que virou inquérito, autorizado pelo decano da corte, ministro Celso de Mello.

O juiz disse que Aras carregou nas tintas em relação a Moro, deixando em segundo plano o presidente Jair Bolsonaro, mas o ministro Celso de Mello ordenou o inquérito, e já pensa em desmembrá-lo, conforme noticiou o jornal O Globo.

Walter Maierovitch falou à Globo News no momento em que Moro iniciava seu depoimento na Polícia Federal de Curitiba, neste sábado, 2, concluído somente após mais de 22 horas.

Sobre a denunciação caluniosa, o jurista disse ser de natureza solar que este crime não pode ser atribuído a Moro. “Seria a pessoa provocar a polícia ou a justiça para apurar um crime que seja comprovado ser falso. Não existe nenhum procedimento que o ex-ministro tenha adotado,” explicou.

Para os crimes contra a honra, calunia, difamação e injúria seria necessário, explicou, que o presidente acionasse o Ministério da Justiça pedindo para se entrar com uma ação penal. “Neste caso ela é condicionada à requisição do ministro da Justiça. O Aras se colocou indevidamente como ministro da Justiça e pediu um crime que não existe,” diz Maierovitch.

Por fim, o terceiro crime, prevaricação. “No que Moro prevaricou? Num determinado momento o ex-ministro sentiu que não podia mais resistir à pressão do presidente que desejava trocar a direção geral da PF, e já tinha tentando antes mudar dois superintendentes, para ter informações, inclusive de inquérito aberto pelo STF para investigar deputados bolsonaristas”, disse.

Maierovitch lembrou que há indicativos com lastros de suficiência e até manifestação do presidente que desejava sim se intrometer na Polícia Federal.  “Moro, quando não pode mais resistir, se exonerou”, conclui.