AGU pede mais prazo ao STF para tentar consenso sobre marco temporal

AGU pede tempo para uma comissão do STF que atua desde agosto do ano passado. Proposta de Gilmar Mendes não agradou ruralistas.
Sede da AGU em Brasília.Foto: Wesley Mcallister.

Com o encerramento dos trabalhos da comissão de conciliação conduzida pelo juiz auxiliar Diego Viegas Veras, do gabinete do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), previsto para segunda-feira, 24, a Advocacia Geral da União (AGU) pediu a suspensão das discussões que tentam encontrar um consenso sobre alterações no marco temporal de terras indígenas.

O marco temporal (lei 14701/2023) foi aprovado pelo Congresso Nacional, estabelecendo que novas terras indígenas somente podem ser demarcadas se efetivamente ocupadas no momento da promulgação da Constituição, 5 de outubro de 1988. O STF julgou inconstitucional o projeto aprovado.

A comissão e conciliação foi criada pela própria Corte, e a redação final de uma proposta não obteve o consenso entre ruralistas e indígenas. Agora a AGU, que paticipa da comissão do STF, pediu a suspensão do trabalho da comissão pelo prazo de 30 dias.

Mendes é relator de cinco ações sobre a tese do marco temporal. Ele apresentou na última reunião, dia 17, uma minuta de proposta de lei para alterar o que foi aprovado pelo Congresso, autorizando a mineração em terras indígenas, mas retirou o marco temporal, o que desagradou ruralistas.

O governo argumentou, ao pedir a suspensão, que tenta solução conciliadora que permita cumprir a decisão do STF no tema, pagando indenização nos casos determinados pela corte e promovendo demarcação de terras indígenas.

Segundo a Folha de São Paulo, a “AGU afirmou que o fim das discussões e o início imediato da fase de apresentação de propostas dificultou a análise da União em tempo hábil para a audiência de conciliação da comissão na última segunda-feira (17).”

“A limitação temporal restringiu a possibilidade de exame criterioso das propostas e a elaboração de uma manifestação adequada,” disse ainda o governo, segundo o jornal.

A comissão criada pelo gabinete de Gilmar Mendes, é bom lembrar, atua desde agosto do ano passado.