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Arminio aponta “desprezo raivoso” à responsabilidade fiscal

Economista disse que o governo precisa se posicionar com coragem e clareza sobre areas que precisa economizar.
Arminio Fraga: Os sinais da macroeconomia são ruins. Foto: Reprodução youtube.

Em entrevista ao jornal O Estado de Sâo Paulo nesta quarta-feira, 8, o ex-presidente do Banco Central, economista Armínio Fraga, criticou os ataques do presidente Lula da Silva à instituição e a seu presidente, Roberto Campos Neto, dizendo que se Lula quiser mesmo colaborar para derrubar os juros tem que dar atenção à reponsabilidade fiscal.

“O presidente poderia liderar um movimento, mas não na direção que estamos vendo. O que vemos é um desprezo raivoso da responsabilidade fiscal e, depois, o ataque ao Banco Central me parece um equívoco. O Banco Central tem, por lei, autonomia para cumprir objetivos que são determinados pelo governo,” destacou, citando que os esforços do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas o que pesa é o todo da política macroeconômica, e os sinais, segundo Fraga, não são bons.

Indagado sobre o plano fiscal apresentado pelo governo, Arminio Fraga disse que as áreas para economizar são difíceis, mas é preciso “se posicionar com clareza e coragem.” As áreas citadas por ele são três: folha de pagamento do setor público, Previdência e esse emaranhado de subsídios regressivos, inclusive nas regras do Imposto de Renda.

“Eu imagino que um governo do PT deveria, naturalmente, correr atrás desses subsídios todos. Vamos ver o que eles vão fazer. Os outros dois não estão no radar. Ou seja, a chance de um sucesso convincente e que realmente ponha o País nos trilhos, por enquanto, são limitadas,” avaliou.

O pacote fiscal anunciado por Haddad prevê pouco corte de gastos, em torno de R$ 50 bilhões, basicamente com revisão de contratos e programas, e a maior parte é aumento de receitas, mas não prevê revisão de subsídios.

Sobre os primeiros 40 dias de governo Lula3, Arminio Fraga disse que tem muita coisa que o governo pode fazer, mas muita coisa que precisa de uma visão que “não está completamente posta.”

“Precisa de competência. O Brasil tem sido uma vítima histórica de más ideias, de uma ideologia mal implantada, uma visão velha, frequentemente intervencionista, capturada por grupos de interesse. Está cedo para uma conclusão final. Só acho que na área macroeconômica, em particular, os sinais não são bons,” diz.