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Ausência de saneamento explica a mortalidade infantil em Rondônia

Porto Velho tem apenas 4,76% de atendimento total de esgoto; cobertura de 35% de agua e taxa de perda de água tratada de 77,68%.
Município de Porto Velho, capital de Rondônia.Foto: Divulgação/ Comdecom.

Estivemos em posição muito pior na taxa de mortalidade infantil, quando na década de 80 por aqui morriam mais de 50 crianças a cada mil nascidos vivos.

Rondônia está no final do ranking de saneamento.

Rondônia que já teve fama nada nobre de ser o Estado da Amazônia que mais desmatava, esteve no redemoinho de sucessivos escândalos de corrupção envolvendo dirigentes da Assembleia Legislativa e ostenta a capital que ocupa a 98ª posição no ranking de saneamento básico das 100 maiores cidades do Brasil produzido anualmente pelo Instituto Trata Brasil, revela agora pelos números do IBGE ter a segunda maior taxa de mortalidade infantil _ 18,8.

Traduzindo: são 18,8 crianças mortas antes de completar o primeiro ano de vida para cada mil nascidos vivos. Uma colocação que desabona completamente os serviços públicos atinentes à saúde, educação e saneamento básico.

Entre as causas da mortalidade infantil estão a falta de assistência e de instrução às gestantes, falta de acompanhamento médico, deficiência na assistência hospitalar, desnutrição e oferta inadequada de água tratada e coleta de esgoto à população.

O saneamento é um nó que não desata para valer. Qualquer um de nós que andar pela periferia da capital vai ver esgoto a céu aberto, e combinação indesejável de crianças descalças em espaços infectados, zero água tratada nas torneiras, o que desencadeia doenças como hepatite, cólera, diarreia, febre amarela etc. É contaminação pura da água e dos alimentos, é superlotação de crianças em hospitais como o Cosme e Damião.

Com os indicadores de saneamento que todos estão cansados de conhecer, nem é necessário muito mais informação para reconhecer que a falta desse serviço essencial à saúde humana mata nossas crianças.

O ranking das 100 maiores cidades elaborado a partir dos estudos do Trata Brasil aponta que melhorou apenas 2 pontos a colocação de Rondônia, que estava na rabeira da lista em 2019, ocupava o 100º lugar, vergonha total. Ananindeua, no Pará, é quem ostenta agora essa posição. O consolo é ver que Manaus, capital mais antiga, populosa e riquíssima nos tempos da borracha, está em vexatória situação _ é a 96ª cidade no ranking.

Os dados do ranking 2020 revelam ter Porto Velho indicador de atendimento total de esgoto de apenas 4,76%; indicador de atendimento total de água de apenas 35,6%; indicador de novas ligações de água, apenas 2,40%; indicador de perdas no faturamento (Caerd), 71,92 e indicador de perda na distribuição de água, 77,68. Note: é água tratada perdida!

Estivemos em posição muito pior na taxa de mortalidade infantil, quando na década de 80 por aqui morriam mais de 50 crianças a cada mil nascidos vivos.

A ausência de saneamento básico explica a mortalidade infantil em Rondônia, porém não é causa única, mas essa condição exige urgente comprometimento total dos futuros gestores, dos eleitos não apenas nesta eleição, para que Rondônia deixe para traz a constrangedora posição de baixíssima oferta desse serviço, que afeta a qualidade de vida e a saúde não apenas das crianças mas de todos os rondonienses.