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Bolsonaro cava a própria sepultura do mesmo modo que Donald Trump

Jair Bolsonaro é um evento adverso grave, e o negacionismo em relação ao coronavírus o impedirá a de ter segundo mandato.
O presidente da República Jair Bolsonaro.Foto: Wilson Dias/ABr.

É criminoso insinuar que uma morte ocorrida estava relacionada à vacina, quando ele já sabia que não estava.

O negacionismo de Donald Trump o afastou da chance de obter um segundo mandato, e o mesmo sucederá com Jair Messias Bolsonaro, cujo cargo de Presidente da República para ele é “só problema”, e desde março, quando a pandemia do coronavírus nos atingiu, trata a crise sanitária com profundo desprezo. Por extensão, o mesmo sentimento manifesta aos que cuidam para que o quadro sanitário não se complique ainda mais _ cientistas, profissionais da saúde e gestores.

Concordo com João Santana, competente profissional de marketing das campanhas petistas que o levaram a cair nas garras da Lava Jato, e que por fim topou acordo para abrandar sua pena: Bolsonaro não terá um segundo mandato. Santana fez a previsão no Roda Viva, onde foi entrevistado no mês passado. Entrevista reveladora, aliás.

Desde que assumiu a Presidência da República, Jair Bolsonaro cava a própria sepultura a cada dia. E, mesmo entre bolsonaristas não há mais dúvida: Jair é um evento adverso grave, na definição de O Antagonista, cunhada nesta terça-feira, 10, inspirada nas razões que levaram a Anvisa a suspender os estudos clínicos da coronavac, a vacina chinesa desenvolvida em parceria com o renomado Butantã.

Aprofundou a sepultura ao comemorar a suspensão dos estudos em uma postagem no facebook. É a mais explicita demonstração de que no vale tudo da política em que transformou o combate à pandemia do coronavírus a população para ele pouco importa.

O que importa é politizar a crise sanitária em que estamos mergulhados há 8 meses, e nesse jogo mesquinho e desumano que promove via redes sociais não teve pejo em mentir mais uma vez, em resposta a um seguidor: “Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que Doria (João Doria, governador de São Paulo) queria obrigar todos os paulistanos a tomá-la. O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória”.

Desorientado há meses, havendo relatos qualificados em Brasília de que toma medicamentos às pencas – para controlar nervo, paranóia, imaginações conspiratórias, ansiedade e insônia -, costuma falar na terceira pessoa. “Mais uma que Jair ganha”, escreveu, não contendo a satisfação de ver a iniciativa paulista ser interrompida.

O que Jair Messias Bolsonaro promove em relação à condução da crise sanitária é um crime contra a saúde pública, é crime de responsabilidade. É criminoso insinuar que uma morte ocorrida estava relacionada à vacina, quando ele já sabia que não estava. Ninguém o pune, nada o detém.

O negacionismo forjado por ele próprio, com reflexo político indesejado nas candidaturas por ele apoiadas, é a condição mais evidente de um fracasso que se avizinha, mas não é a única.

Jair Bolsonaro parece sem rumo. Desagregador, obtuso e agastado com as obrigações exigidas pelo cargo, incapaz de tocar as reformas prometidas na campanha, tudo isso era esperado.

Parlamentar inexpressivo por quase três décadas, ao menos o Cavalão -apelido de Jair no Exército – não se comportava como um evento adverso grave não esperado.

Só não viu quem não quis ver, cego pela raiva da política ou capturado pela política da raiva.