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Campanha contra a quarentena é atentado a vida, dizem governadores

Governadores do Nordeste dizem que a União contraria entidades da área de saúde que indicam o isolamento social como melhor forma de conter a Covid-19. Foto: Divulgação.

Blog da Mara com informações do G1  

Foto Heudes Regis

Uma nova carta aberta foi divulgada nesta sexta-feira 27 pelos governadores, desta vez somente do Nordeste, na qual manifestam “profunda indignação” com a postura do governo federal diante das ações para conter o novo coronavírus.

Segundo eles, a União contraria entidades da área de saúde que indicam  o isolamento social como melhor forma de conter a doença, e faz campanha contra a quarentena. “Isso representa um verdadeiro atentado à vida”, afirmam.

A carta foi redigida depois de uma reunião, por vídeoconferência. Os governadores também exigiram “respeito por parte da Presidência da República”, esperando que “cessem, imediatamente, as agressões contra os governadores, assumindo-se um posicionamento institucional, com seriedade, sobre medidas preventivas”.

Eles dizem, na carta, que a “omissão em padronizar normas nacionais e a insistência em provocar conflitos impedem a unidade em favor da saúde pública”. Desse modo, “expõe-se a vida da população, além de assumir graves riscos no tocante à responsabilidade política, administrativa e jurídica.”

Pernambuco 

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), depois de participar da reunião criticou o governo federal por causa da briga com os governadores em torno das medidas de restrição impostas para tentar barra a pandemia do novo coronavírus.

A declaração foi feita por meio de redes sociais, no dia em que o estado confirmou a quarta morte pela Covid-19 e mais noves casos, totalizando 57. “ O Brasil precisa de um governo que faça o certo”, afirmou.

“O trabalho dos governos, a dedicação dos profissionais de saúde e a colaboração da maioria da população acabam sendo insuficientes, por causa de gestos irresponsáveis,” disse o governador.

Paulo Câmara disse que “em vez de se proteger e de proteger a família, quem vai para a rua pode se contaminar e virar agente de transmissão. Coloca a vida em risco e ameaça os outros”.

Ele disse que Pernambuco fez fazendo a sua parte na área econômica e cobrou inciativas da União. “Temos feito todo o possível. Mas só o governo federal pode emitir dinheiro e realizar programas de renda para os trabalhadores. É assim no mundo”.

Segundo Paulo Câmara, “as pessoas precisam de proteção social e econômica. Para ter um rumo, que nos permita superar este drama”.

Carta na íntegra 

Nós, governadores do Nordeste, em videoconferência realizada neste dia 27 de março, assim nos manifestamos:

1) Com bom senso e equilíbrio, vamos continuar orientados pela ciência e pela experiência mundial, para nortear todas as medidas, diariamente avaliadas, nesta guerra travada contra

o Coronavírus. Reiteramos que parâmetros científicos indicam as ações preventivas e protetivas, de intensidade gradual e estágios progressivos ou regressivos, adequando-as sempre à realidade de cada região de nossos Estados;

2) Na ausência de efetiva coordenação nacional, que deveria ser assumida pelo Governo Federal, em articulação com os demais entes federativos, buscaremos avançar na integração regional e com as demais regiões, mobilizados pelo objetivo de salvar vidas e amenizar os impactos negativos sobre a economia dos estados. Acreditamos também que o Congresso Nacional tem papel decisivo no atual momento da vida brasileira;

3) Dispostos a fortalecer o embasamento de cada uma das nossas medidas, já construídas sobre as bases apresentadas pela OMS, solicitaremos um pronunciamento oficial do Conselho Federal de Medicina, do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde e da Sociedade Brasileira de Infectologia, além do acompanhamento e orientação do Ministério Público Federal e do Ministério Público dos Estados;

4) Manifestamos nossa profunda indignação com a postura do Governo Federal, que contraria a orientação de entidades de reconhecida respeitabilidade, como a OMS – que indicam o isolamento social como melhor forma de conter o avanço do Coronavírus -, e promove campanha de comunicação no sentido contrário, estimulando, inclusive, carreatas por todo o país contra a quarentena. Este tipo de iniciativa representa um verdadeiro atentado à vida;

5) De nossa parte, exigimos respeito por parte da Presidência da República, esperando que cessem, imediatamente, as agressões contra os governadores, assumindo-se um posicionamento institucional, com seriedade, sobre medidas preventivas. A omissão em padronizar normas nacionais e a insistência em provocar conflitos impedem a unidade em favor da saúde pública. Assim agindo, expõe-se a vida da população, além de assumir graves riscos no tocante à responsabilidade política, administrativa e jurídica;

6) Enfatizamos que sempre estaremos abertos ao diálogo, neste esforço que precisa ser coletivo, tendo como meta a superação da ameaça representada por esta doença, que continua matando milhares de pessoas. Temos absoluta convicção de que o diálogo, o equilíbrio e a união serão sempre o melhor caminho para revertermos este quadro crítico. Seguimos firmes e vigilantes em defesa da vida das pessoas, inclusive na luta para impedir atos que possam significar riscos à saúde pública.