Pesquisar
Close this search box.

Ciro na CNN: “O povo foi na onda de certa elite para quem a política é uma irrelevância”

Estamos indenizando qualquer risco inflacionário com juros pagos pelo povo, disse o ex-governador do Ceará.
Ciro Gomes disse que a segurança pública no Brasil é um desastre. Foto: Reprodução/CNN.

Entrevistado no CNN Entrevistas por Thais Herédia e Gustavo Uribe, o ex-governador do Ceará e ex-presidenciável Ciro Gomes disse que não pretende mais se candidatar a nada, e diante da pergunta “se a política não lhe larga, por que largar a política?” afirmou que o que aconteceu em 2022 matou um pouco sua paixão “não pelo povo, mas pela política como linguagem.”

Ciro Gomes explicou que em sua vida pública e nas campanhas presidenciais que enfrentou tem sustentado um projeto de desenvolvimento a partir de um “conjunto de ideias, com detalhes, estudo e soluções para o Brasil,” e que isso “não precisa necessariamente ganhar a eleição.”

“Para um democrata, participar do processo eleitoral é uma vitória sempre. Eu saia das eleições com 10% ou 12% de votos, qualificado, e me credenciava em nome de milhões de pessoas ao poder ou a uma aliança. Mas em 2022 o povo foi na onda de uma certa elite para quem a política é uma irrelevância,” disse.

“Os barões do mundo artístico, os intelectuais, eles não querem saber, estão todos com plano de saúde, dinheiro para mensalidade escolar, segurança privada, carro blindado. E a segurança pública é um desastre no Brasil. São assuntos que me comovem. E essa elite toda foi na onda de uma polarização que é tudo mudar para que nada mude,” declarou.

“Eu não desisti, fui desistido. A prostração da sociedade civil brasileira me levou a isso. Eu não quero mais submeter as minhas ideias a um processo eleitoral viciado,” disse.

Ciro Gomes indicou ter sido dificil ser atacado para desistir de participar da eleição – a campanha que sofreu pelo voto útil -, a fim de Luiz Inácio Lula da Silva ser eleito logo no primeiro turno.

“Sabe, isso é fascismo do puro. Aí como é fascismo do bem, pode. Não, é fascismo do puro, é fascismo na veia. Não quero conviver com fascismo nem do petismo nem do bolsonarismo,” declarou.

E a dupla de jornalistas foi desafiada a apontar diferenças entre o antecessor e o atual presidente:

“O que Lula mudou em relação a Bolsonaro? Mudou nada. A emenda do relator está igual, a roubalheira, a relação corrupta e fisiológica com o Congresso, e com as mesmas pessoas! Na economia é superavit primário, câmbio flutuante, meta de inflação, juros. Qual a diferença que pratica um e outro?”

Comigo não, violão

O ex-governador explicou que uma fração importante dos índices de inflação no Brasil são preços administrados pelo governo.

“E os preços estão completamente indexados ao câmbio, ao dólar. Qual o efeito da taxa de juros sobre um terço do IGPM ou um terço do IPCA?” indagou.

Ciro citou o exemplo da tarifa de energia reajustada em 35% no Ceará, e o Banco Central anota isso no IPCA (Indice de Preços ao Consumidor). “Qual o efeito disso na taxa de juros?,” questionou, dizendo que o PT e Lula estão rendidos ao “sr. Campos Neto, nomeado por Bolsonaro.”

“A lógica da taxa de juros baixar a inflação é quando tem inflação de demanda, ou seja, tenho mais gente podendo e querendo comprar do que a oferta de produtos. Sabe a taxa de ociosidade da indústria há 20 anos? Está entre 15 a 20% Temos capacidade instalada ociosa e estamos atirando em demanda? É uma grosseira fraude o que acontece no Banco Central,” denunciou.

“O que está ocorrendo é uma sequela. Nós acabamos com a indexação do Plano Real e demos juros à banqueirada. Estamos indenizando qualquer risco inflacionário com juros pagos pelo povo. Sabe quanto foi a conta no primeiro ano do governo Lula? R$ 718 bilhões de juros, recorde histórico. Isso não é falta de austeridade fiscal não?,” afirmou Ciro.

“O dinheiro sai do mesmo bolso que não sai para educação, segurança, saúde E é isso?  O PT, o PSOL, alo Luciana Genro, o PDT, meu partido, vamos dizer amem a isso? Tenha paciência! Comigo não, violão.”

Atualização às 23h40.