Formado em medicina com 21 anos, o médico Paulo Gondim acaba de lançar o livro “Ser médico – Missão de vida”, onde relata sua trajetória profissional em quase 40 anos de profissão. Será em dezembro o coroamento dessas quatro décadas de trabalho ininterrupto em Porto Velho, onde nasceu.
Dedicado a seus pacientes, o livro conta com a apresentação do cunhado e amigo Viriato Moura, também médico, e trata-se de uma contribuição importante porque resgata um pouco a história da medicina e o pioneirismo de jovens médicos que ajudaram estruturar o Hospital de Base Ary Pinheiro, uma referência até hoje para pacientes e profissionais da saúde.
Paulo Gondim relata, por exemplo, ter decidido voltar ao Rio de Janeiro, onde se formou, para estudar a técnica da videolaparoscopia com o Dr. Jurandir de Almeida Junior. “Esse inovador jeito de operar, com a utilização de microcâmeras e pequenas pinças de 38 5 mm, fascinou-me. Posteriormente, continuei meu aprendizado com o Professor José Antônio Verbicário Carim, em Nova Friburgo. Busquei mais conhecimentos em cirurgia avançada em videoginecologia no Paraná. Disso decorreu meu pioneirismo, junto com Dr. Gabriel Rezende e Dr. Maurício Brito, na arte videolaparoscópica em Rondônia,” conta.
Por sua iniciativa, ao acionar o Conselho Federal de Medicina no começo da década de 90, conseguiu que os planos de saúde autorizassem não apenas aqui mas no Brasil o uso da técnica nas cirurgias de seus conveniados. “Eram tempos difíceis pois os planos de saúde só liberavam as cirurgias abertas, ditas convencionais.Como poderíamos pôr em prática a nova técnica se tínhamos apenas as aparelhagens caríssimas adquiridas como muito suor e trabalho, se não fossem autorizadas as cirurgias? Ficaríamos para trás, acomodados?,” indaga no livro.
“Cirurgião” de calangos
A cirurgia é a paixão maior de Paulo Gondim, filho do médico Hamilton Raulino Gondim, e para a qual apontava ser vocacionado desde menino. Aos 7 anos brincava no quintal de casa, no bairro Caiari, de “operar” calangos que os amiguinhos se encarregavam de pegar para ele. Abria a barriga dos bichos com gilete, para ver por dentro como era que a vida neles pulsava.
Essa habilidade manual, entre tantas qualificações do cirurgião bem sucedido e respeitado pelos pacientes, sempre impressionou o cunhado Viriato. “Usa o bisturi como um talentoso artista ao produzir sua obra de arte, o mesmo fazendo com os instrumentais e materiais cirúrgicos. Tive oportunidade de ver experientes cirurgiões operando, mas poucos me convenceram tanto quanto ele,” diz.
Para Viriato Moura, Paulo Gondim “nasceu ungido para cumprir a missão a que se propôs.”
Quando saia das aulas, no ginásio, corria para o consultório do pai, no hospital São José. para vê-lo atender seus pacientes.
“Reitero que o que gosto de fazer em termos profissionais é cirurgia. Não me atrai qualquer outra atividade, nesse mister, que não seja resolver os problemas cirúrgicos de meus pacientes. Entretanto, no governo José Bianco, movido pelo idealismo de querer melhorar as condições de saúde de nossa população, principalmente da menos favorecida, estive na Secretaria de Saúde em torno de três meses,” conta o doutor Paulo.
Se despediu do cargo por burocrático e demoradas as mudanças que pretendia implementar.
Ficaram porém algumas realizações, como a retirada de crianças do “calor infernal “ da pediatria que ficava no João Paulo II para o hospital Irmã Dulce, outro aspecto que favorece por si só ter escrito o livro, de 124 páginas, estimulado, segundo o editor Abel Sidney pelo médico Viriato Moura, profissional reconhecido por seu apreço pela literatura e artes em geral.
Paulo Gondim está sendo estimulado a produzir um segundo livro sobre casos clínicos com os quais teve de lidar em sua carreira, segundo Abel.
Na foto em destaque, o jovem médico recebe das mãos do Dr. Ronaldo Salles o título de Especialista de Cirurgia Geral, concedido pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões.(acervo de família).