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Complica a situação de Jair Bolsonaro

Depoimento de Freire Gomes é o testeumunho mais forte sobre encontros do ex-presidente com os chefes das Forças Armadas.
No cargo de comandante do Exercito, Freire Gomes cumprimenta o então presidente Bolsonaro. Foto: Estevam Costa.

Trechos do longo depoimento do general Freire Gomes prestado à Polícia Federal revelados pela colunista de O Globo Bela Megale complicam a defesa e o próprio Jair Bolsonaro. O inquérito em que apura seu suposto envolvimento na tentativa de golpe é sigiloso, mas a jornalista obteve o documento.

Comandante do Exército à época em que Bolsonaro presidia o país, Freire Gomes declarou que em reuniões no Palácio do Alvorada Bolsonaro apresentou três diferentes ‘institutos jurídicos” que permitiriam uma ruptura antidemocrática após a vitória de Luiz Inácio Lula na Silva nas urnas.

As saídas para invalidar ou tumultuar a institucionalidade do pais e impedir que Luiz Inácio seguisse adiante na presidência versavam sobre uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO), de Estado de Defesa ou de Estado de Sítio.

O general teria narrado um dos encontros em dia 7 de dezembro de 2022, quando esteve na residência presidencial a convite do então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira. Nesse momento o assessor especial Filipe Martins leu trechos de uma minuta.

O trecho mais grave, entretanto, segundo o que veio à tona, é a revelação de que em ao menos duas reuniões o próprio Bolsonaro teria discutido sobre o conteúdo das minutas de teor golpista.

O general no depoimento diz que o próprio ex-presidente fala que a minuta estava em estudo e que depois os comandantes das Forças Armadas seriam informados sobre a evolução do processo.

Pelo que foi revelado até o momento sobre a implicação direta de Jair Bolsonaro numa tentativa de golpe, o demorado e detalhado depoimento de Freire Gomes, de cerca de 8 horas salvo engano, é o testemunho mais forte sobre o teor das reuniões havidas com o ex-presidente e ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira.

O general Freire Gomes teria confirmado à Polícia Federal – inclusive a imprensa já relatava isso- que dos três comandantes das Forças Armadas apenas o almirante Almir Garnier, da Marinha, teria se colocado à disposição do presidente da República.

Freire e o brigadeiro Carlos Almeida, da Aeronáutica, teriam recusado qualquer participação em ato considerado antidemocrático com intuito de barrar Luiz Inácio e o PT no poder.

Freire Gomes,pelo teor de dialogos de oficiais com o ex-ajudante de Ordens tenente-coronel Mauro Cid, resistiu bravamente a pressões para se manifestar a favor de uma rota não democratica no país.