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Desmatamento chega a 10.781 km² nos últimos 12 meses

Quase 40% da destruição ocorreu na Amacro, região onde se concentram 32 municipios nas divisas do Amazonas, Acre e Rondônia. 
O volume apreendido dá para construir mais de 2 mil casas. Foto: Ascom/PF.

É a maior extensão nos últimos 15 anos; quase 40% da destruição ocorreu na Amacro, região onde se concentram 32 municipios nas divisas dos estados do Amazonas, Acre e Rondônia.

O chamado “calendário do desmatamento” da Amazônia fechou com mais um recorde negativo de destruição. Nos últimos 12 meses, de agosto de 2021 a julho de 2022, foram derrubados 10.781 km² de floresta, o que equivale a sete vezes a cidade de São Paulo. Essa foi a maior área devastada dos últimos 15 anos para o período, sendo 3% superior à registrada no calendário passado, entre agosto de 2020 e julho de 2021. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

Foi a segunda vez consecutiva em que o desmatamento passou dos 10 mil km² no período. Somadas, as áreas destruídas nos últimos dois calendários chegaram a 21.257 km², quase o tamanho de Sergipe. Também foi a quarta vez seguida em que a devastação atingiu o maior patamar desde 2008, quando o Imazon iniciou o monitoramento com o SAD.

O SAD é uma ferramenta de monitoramento da Amazônia Legal baseada em imagens de satélites, desenvolvida pelo Imazon em 2008, para reportar mensalmente o ritmo da degradação florestal e do desmatamento na região.

Quase 40% da destruição ocorreu na Amacro

Levando em conta o desmatamento ocorrido nos últimos 12 meses, 36% ocorreu apenas na região conhecida como Amacro, onde se concentram 32 municípios na divisa entre Amazonas, Acre e Rondônia. Nessa área, há um processo de expansão do agronegócio, que derrubou quase 4 mil km² de florestas entre agosto de 2021 e julho de 2022.

E, assim como na Amazônia, a destruição na Amacro também atingiu o maior patamar dos últimos 15 anos para o período. Só que, enquanto a devastação cresceu 3% na região amazônica, a alta foi de 29% na área de divisa entre o Amazonas, Acre e Rondônia.

“O aumento do desmatamento ameaça diretamente a vida dos povos e comunidades tradicionais e a manutenção da biodiversidade na Amazônia. Além de contribuir para a maior emissão de carbono em um período de crise climática. Relatórios da ONU já alertaram que, se não reduzirmos as emissões, fenômenos extremos como ondas de calor, secas e tempestades ficarão ainda mais frequentes e intensos. Isso causará graves perdas tanto no campo, gerando prejuízos para o agronegócio, quanto para as cidades”, alerta Bianca Santos, pesquisadora do Imazon.

Pará e Mato Grosso seguem com grandes áreas destruídas

O Pará ainda é o estado que mais desmata na Amazônia. Nos últimos 12 meses, foram derrubados 3.858 km² de floresta no estado, 36% do destruído na Amazônia. Apesar de representar uma queda de 7% em relação ao calendário anterior, essa área devastada equivale a quatro vezes o território de Belém.

A segunda maior área desmatada no período foi registrada no Amazonas: 2.738 km² (25%). Isso representou um crescimento de 50% em comparação com a derrubada detectada entre agosto de 2020 e julho de 2021, sendo a maior alta entre os estados.

Em terceiro no ranking ficou Mato Grosso, com 1.620 km² (15%) destruídos entre agosto de 2021 e julho de 2022. Essa área foi 5% maior do que a registrada no calendário anterior. Rondônia (1.312 km²) e Acre (865 km²) ocuparam a quarta e a quinta posição.