Em ato no Rio, Silas Malafaia diz que Moraes introduziu o crime de opinião e defende investigação do ministro

"Não tinha problema dizer Fora Temer, Fora FHC, Fora Itamar," disse o pastor, que acusou a Globo de ser "a imprensa oficial do ditador de toga."
Silas Malafaia: pastor pediu a renúncia dos comandantes das Forças Armadas.

Organizador do ato a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro neste domingo, 21, em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, o pastor Silas Malafaia defendeu que o Senado Federal investigue o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal (STF), que segundo ele “introduziu crime de opinião” a partir de 2019 e conduz o inquérito das fake news “de forma ilegal e imoral.”

“No inquérito, ele é vítima, acusador, investigador e juiz. É uma aberração jurídica, não tem a participação da Procuradoria Geral da República (PGR), o que é obrigatório, está no artigo 129 da Constituição, a ação penal compete ao Ministério Público,” disse.

Silas Malafaia disse ainda que “na democracia a opinião é livre, e na ditadura a opinião é crime,” fazendo uma “regressão da história” ao dizer que do ano da Constituição, 1988 até início de 2019  o Brasil era uma democracia plena, “não tinha problema dizer Fora Temer, Fora FHC, Fora Itamar.”

O pastor pedia a atenção dos apoiadores de Bolsonaro em Copacabana ao citar fatos anteriores a 2019 e dizer que sua argumentação está baseada “em fatos e na lei.” “Não vou caluniar nem difamar ninguém,” disse logo no início da fala.

Silas Malafaia rememorou que o PT em 2016 chamou Alexandre de Moraes de “golpista e fascista,” acusando o então escolhido ministro do STF pelo presidente Michel Temer de receber R$ 4 milhões de uma empresa. “Aconteceu alguma coisa? Não aconteceu nada.”

Em 2017, o mesmo Alexandre de Moraes disse em uma faculdade que o PT era um governo de ladrões, e o ministro Gilmar Mendes declarou que o Brasil era governado por “uma cleptocracia, isto é um governo de ladrões, e que se não fosse a Lava Jato o partido teria dinheiro para fazer eleições até 2038.”

Posteriormente continuou o pastor, o ministro Luís Roberto Barroso, hoje presidente do STF, disse que a Lava Jato “investigou um dos maiores esquemas de corrupção do mundo.”

“Então, pasmem. Gilmar Mendes chamou o PT de ladrão. Alexandre de Moraes chamou o PT de ladrão e Barroso chamou o PT de ladrão. Agora o deputado Nikolas e o deputado Gilvan da Federal foram indiciados porque chamaram Lula e ladrão,” declarou. Nesse momento, as pessoas na praia gritam Lula ladrão.

Na condução do inquérito, Malafaia diz que Moraes censurou redes sociais do povo e de parlamentares, citou a prisão de Daniel Silveira, e punição ao jornalista Oswaldo Eustaquio e blogueiro Alan dos Santos, “que não mataram, não estupraram, cometeram, para Moraes, o crime de opinião.”

Citou a ameaça do ministro de suspender o Telegram porque a empresa de mensageria fez alerta a seus usuários sobre o PL das Fake News e disse que nenhuma autoridade tem o poder de dizer o que é verdade.

Pacheco “frouxo” e renúncia de militares

“Quem te colocou como censor da democracia, e quem é você para dizer o que se pode ou não falar?” disse referindo -se a Moraes, que segundo Malafaia é protegido pelo Grupo Globo, “a imprensa oficial do ditador de toga.”

Malafaia disse que a televisão do grupo o protege porque o ministro Alexandre de Moraes derrubou “de uma canetada só  multas milionárias da emissora, de artistas e de jornalistas na Receita Federal.” Ele disse que as informações foram publicadas no jornal Folha de São Paulo e portal Metrópoles.

“Alexandre de Moraes é uma ameaça à democracia,” sustentou o pastor, citando diversos incisivos do artigo 5º da Constituição Federal os quais estão sendo violados pelo ministro.

Sobre o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a quem chamou de “frouxo, covarde e omisso,” disse que o parlamentar “envergonha o povo de Minas,” disse que muitos senadores concordam em investigar o ministro Moraes e que “grande parte foi comprado pelo governo com cargos.” Na praia o povo disse “Fora Pacheco.”

Palavras foram também dirigidas aos militares. Silas Malafaia provocou os atuais comandantes das Forças Armadas a renunciarem aos cargos.

“Se honram as fardas que vestem, deixem seus postos e ninguém assuma até que haja uma investigação profunda no Senado Federal,” disse, após manifestar que existe perseguição por parte do ministro aos militares, “generais de quatro estrelas com longa trajetória de serviços prestados à nação  tratados como delinquentes, com a PF na porta deles.”

Malafaia declarou ainda que ministros do STF estão incomodados e não e concordam como Alexandre de Moraes conduz os inquéritos das milicias digitais e fake news. “Ele está jogando o STF na lata de lixo da imoralidade,” disse.