Paulo Saldaña Bruno Boghossian, Folha de Sâo Paulo
Uma escola cívico-militar em Rondônia, gerenciada pela PM (Polícia Militar), mas com professores da rede estadual de educação, determinou a dispensa de dez professores por eles terem indicado interesse em participar de assembleia do sindicato da categoria.
O caso ocorreu no colégio Tiradentes da PM (foto/Divulgação), em Porto Velho, na última quinta-feira (19). A direção da unidade argumentou que, por terem se organizado para a atividade, os docentes não teriam perfil para a escola. Há docentes no grupo que atuavam na unidade havia mais de 20 anos. Segundo eles, o episódio é inédito.
A Constituição garante a livre associação a sindicatos, assegurando, inclusive, o direito de greve. Não há exceção para escolas com gestão compartilhada com a PM, ainda mais por se tratar de servidores concursados para o magistério estadual.
Os docentes haviam avisado com antecedência a direção da escola e, ainda na quarta-feira (19), o diretor da escola, o capitão da PM Jeferson Bezerra Pires, encaminhou ofício para a secretaria de Educação de Rondônia comunicando a “devolução de servidores”.
A professora Talita Pereira, 60, leciona na escola há 15 anos e foi incluída na lista de profissionais devolvidos à secretaria de Educação para alocação em outra unidade. Ela não quer mudar de escola.
“Nunca aconteceu algo parecido, inclusive já participei de greves anos atrás”, diz ela, que é professora de matemática. “Eu não estou satisfeita, quero voltar para lá porque sempre fiz meu trabalho bem feito, tenho vários projetos que elaborei com meus alunos que foram reconhecidos”.