Estados entregam ativos para a União, em troca resolvem sua dívida: é o que propõe projeto de Rodrigo Pacheco

Como contrapartida, a União propõe um abatimento na taxa de indexação da dívida, que hoje equivale ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4%. 
Rodrigo Pacheco explica a proposta de renegociação de divida. Foto: Geraldo Magela.

Os Estados e Distrito Federal endividados com a União entregam seus ativos, incluindo participação acionária em empresas, e em troca o governo promove mudança no indexador que corrige as dividas para favorecer as unidades federativas com dívidas.

É o que prevê Projeto de Lei Complementar apresentado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que reuniu a imprensa para esclarecer a proposta, que ele chama de Programa de Pleno Pagamento da Divida dos Estados (Propag).

Lideram a lista dos maiores devedores da União os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Goiás. Somada, a dívida de todos os Estados e do Distrito Federal é estimada em R$ 764,9 bilhões.

Na contrapartida aos Estados que entregarem ativos próprios, a União propõe um abatimento na taxa de indexação da dívida, que hoje equivale ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4%.

Segundo a Agência Brasil, a União abriria mão de receber esses 4% em troca de que o estado use o dinheiro para investir na educação e qualificação técnica, ou em infraestrutura e segurança pública. O dinheiro não poderá ser usado para custeio da máquina pública.

Segundo Rodrigo Pacheco, o governo queria que os recursos oriundos do não pagamento dos 4% fossem destinado integralmente à educação, mas o senador ponderou a necessidade de ter maleabilidade, pois tem de se considerar as especificidades locais.

“Não pode querer o Poder Executivo Federal se imiscuir em questões de gestão dos Estados, porque realmente isso trava e engessa as possibilidades que um estado tem de poder ter alternativas de investimentos”, disse Pacheco.

O senador explicou que além do abatimento na taxa de indexação da dívida, 1% pode ser perdoado se o Estado entregar como pagamento e amortização os seus ativos num montante de 10% a 20% do valor da dívida, e aí teria um abatimento de 1% sobre o juro do estoque (da dívida).

“E se entregar mais de 20% de ativos para o pagamento da dívida, teria um abatimento de 2% desses juros de 4%, ou seja, um abatimento e um perdão mesmo de 50% do valor do juros, que cairia de 4% para 2%,” disse, conforme a Agência Senado.

Pacheco declarou que o senador Davi Alcolumbre (União-AP) será convidado a relatar o texto.

Que ativos podem ser usados

Os ativos que poderão ser transferidos à União são ativos como recebíveis, de um modo geral, créditos judiciais, participação acionária em empresas que podem ser ‘federalizadas’ em favor da União, e uma novidade importante que é a possibilidade de créditos inscritos em dívida ativa do estado poderem ser cedidos também para a União.

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