A Federação Psol-Rede protocolou na quinta-feira, 29, no Conselho de Ética do Senado, duas representações contra os senadores Marcos Rogério (PL-RO) e Plínio Valério (PSDB-AM). A líder da Federação, deputada Talita Perone (Psol-RJ), pede punição aos parlamentares com a cassação do mandato por “agressões verbais” contra a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante audiência na Comissão de Infraestrutura.
Não há representação contra o senador Omar Aziz (MDB-AM). Ao contrário dos outros dois senadores, ele é da base do governo, próximo ao presidente Lula e teria sido objeto de repreensão também por senadores do PT durante a participação de Marina na Comissão.
Enquanto Marcos Rogério disse “se ponha no seu lugar” e Valério disse que respeitava a mulher mas “não respeito a ministra,” por sua divergência em relação ao tratamento que é dado à obra da BR-319, há mais de 30 anos pendente de solução por questões ambientais, Omar Aziz disse em tom ríspido ter o “direito de passear” na BR-319, enquanto a “senhora passeia na avenida Paulista.” Fez alusão ao domicílio eleitoral de Marina e à provocação que ela mesmo fez aos senadores dizendo que os senadores queriam a rodovia para passear.
A Federação pede também que o caso seja comunicado ao Ministério Público Federal (MPF) “para possíveis providências na esfera penal.”
As representações argumentam que os senadores tiveram comportamento “machista, misógino e abusivo”, além de incompatível com o decoro parlamentar. Militantes associados ao Instituto Vladimir Herzog também assinam representação.
No X, o senador Marcos Rogério, presidente da Comissão de Infraestrutura, disse ser a ação “uma tentativa de intimidação ideológica e com claros contornos de patrulhamento político.”
Segundo ele, tem o propósito de “desvirtuar um debate legítimo e necessário, travado no âmbito da Comissão de Infraestrutura, para transformá-lo em espetáculo de vitimização e censura. Trata-se de uma estratégia recorrente da militância de esquerda que, incapaz de sustentar o contraditório com argumentos técnicos e republicanos, recorre à distorção dos fatos e à judicialização da política para calar vozes conservadoras.”
Diz também Marcos Rogério que a ministra Marina Silva “compareceu à comissão na condição de servidora pública, que tem o dever de prestar contas ao Parlamento e à sociedade, mas não teve esse comportamento, preferindo tumultuar os trabalhos, não admitindo ser contestada.”