Um dos 15 artistas expositores da PortoVelhera, mostra coletiva de artistas plásticos e artesãos que se realizou durante todo o mês de abril em Porto Velho, capital de Rondônia, Geraldo Cruz estreia no blog uma série de breve conversa com artistas da cidade sobre produzir cultura no Estado de Rondônia.
Com longa trajetória nas artes plásticas iniciada na década de 80, destacando-se na escultura, cenografia e desenho, Geraldo Cruz fala ao blog sobre o prazer de participar com diferentes autores das artes visuais, por oferecer oportunidade de interagir com quem está produzindo cultura, mas aponta uma necessidade para ele fundamental: é preciso definir uma política de Estado para o incentivo das artes.
“Além do prazer de participar com grandes artistas, vejo que são ações isoladas, de pessoas como o João Zoghbi e Franciney Vasconcelos, envolvidos também com a arte, que idealizam projetos e convidam, e assim a exposição acontece,” afirma Cruz.
PortoVelhera, cujo nome homenageou o autor da canção com este nome, o compositor Silvinho Santos, aconteceu dessa maneira, na Casa de Cultura Ivan Marrocos.
“Sinto muito a falta de uma política, uma política de estado. Temos essa carência de uma política que congregue os artistas, que não venha a ser interrompida, mas que permaneça. Uma política que incentive os artistas e a cultura,” diz.
Algo também apontado por Geraldo Cruz é a “grande necessidade” de ter obras públicas em Porto Velho.
“Nossa cidade carece de obras que estejam expostas pelas ruas e praças, esculturas pelas cidades, que não sejam meramente encomendadas, mas que seja uma política na qual se consolide uma proposta pública, concorrência pública, onde os artistas possam participar e concorrer. Uma política que apoie os artistas porque nós temos grandes talentos,” avalia.
Ainda sobre exposições, Geraldo Cruz, bastante premiado e reconhecido inclusive fora de Rondônia, acredita que “dificilmente” irá se dedicar a expor trabalhos individuais daqui para frente.
“A individual é muito complicada, é uma logística onerosa, morosa. Já fiz uma grande individual chamada Olhos da Mata, cujas peças depois foram inseridas no programa de itinerância do Sesc, chamada Amazonia das Artes, e neste projeto as obras viajaram pelos estados amazônicos, fiz palestras, ministrei oficinas, foi muito bacana. Mas fazer uma exposição individual realmente é muito complicado, “afirmou.
A coletiva, para ele, permite dividir atribuições e amenizar custos.
Geraldo Cruz diz ainda que PortoVelhera teve “obras belíssimas, trabalhos feitos com esmero e qualidade, mas a visitação foi aquém do que ela mereceu.”
Para o veterano artista plástico, possivelmente com a política de Estado por ele mencionada que contemplasse, entre outras coisas, uma divulgação mais robusta e possibilitasse maior envolvimento das estruturas públicas de cultura, a realidade fosse outra.
“Penso que na própria Casa de Cultura está faltando a política de congregar os artistas, levá-los para dentro do espaço, para uma convivência e troca de experiencias e informação, o que poderia resultar em mais produção,” reflete.