Ex-chefe da Casa Civil por seis anos no governo do coronel Marcos Rocha (União-RO), o empresário Junior Gonçalves concedeu coletiva de imprensa nesta sexta-feira, 13, para se manifestar sobre acusações de que supostamente chefiou máfia no Executivo que teria resultado no desvio de R$ 150 milhões. Gonçalves disse que irá processar veículos de imprensa que divulgaram a informação sem existir qualquer processo sobre corrupção contra ele.
À pergunta do Rondoniagora sobre as vinculações dele com funcionária da Secretaria da Saúde neste suposto esquema, disse que não iria nominar porque “sabe ser horrível ter o nome citado,” mas que a servidora foi nomeada pelo governador Marcos Rocha (União) e que seu contato era como o que mantinha com qualquer funcionário de secretarias.
“Quero deixar bem claro. A Casa Civil não compra, não contrata e não executa pagamentos, não participa de licitações, nem administra contratos. É um órgão político de interlocução com os poderes subordinado diretamente ao governador de Rondônia. Toda e qualquer ação realizada pela pasta se dá por ordem e ciência do governador. E nos seis anos em que estive lá, o governador Marcos Rocha comandou cada ação do governo com mão firme,” declarou.
Junior Gonçalves disse que se manifesta publicamente não “por vingança, mas existem situações em que é necessária uma defesa.” Ele se apresentou na coletiva, disse ser de família que tem história em Rondônia, e o que vem acontecendo é um massacre de reputações, “um ataque calculado, para destruir não apenas um nome, mas uma família inteira.”
“Tudo que ocorre é porque me recusei a participar de um projeto de poder que perdeu o limite e a razoabilidade. Vincular essa acusação a mim é mais do que mentira, é má fé política. Quem manda no governo é o governador Marcos Rocha. E desde o início do segundo governo iniciou-se uma campanha, articulada, para me descredibilizar,” defendeu-se.
Sem citar nomes, Junior Gonçalves disse que blogueiros que tem filhos nomeados na Casa Civil recebendo aproximadamente R$ 10 mil tem sido usados para “plantar narrativas, distorcer fatos e manipular a opinião pública. “
Segundo ele, a acusação divulgada no dia 7 de junho é parte de um objetivo de destruição de sua imagem e do irmão, o vice-governador Sergio Gonçalves, que tem pretensão de, no comando do Estado caso Rocha saia à disputa para o Senado, ir à reeleição para o governo. “Queriam que eu pedisse a exoneração no início do mandato, como eu não pedi eles intensificaram os ataques,” declarou.
O ex-colaborador do governo disse que os principais opositores da atual gestão trabalham dentro do próprio governo. “Eles querem desacreditar o vice governador para que seja impedido de vir à reeleição em 2026, e quem sabe assumir o Executivo; isso é vergonhoso,” disse. E para conseguir o intento, Junior Gonçalves faz denúncia grave, dizendo que essas pessoas agem na estrutura do Estado para esmagar qualquer um que se oponha ao projeto de poder do atual grupo.
Arapongagem na Casa Civil
Junior Gonçalves revelou algo “mais grave.” “Não é sobre o Junior Gonçalves Pode acontecer com você, se isso permanecer. Pode acontecer com qualquer um que não colaborar com o projeto de poder,” disse.
Segundo ele, a Polícia Civil de Rondônia está em processo de instrumentalização política. “O deputado estadual Ribeiro do Sinpol tem ascensão e manda na Civil. Há interferências diretas. Ele inclusive entrevistou sete delegados e os sete recusaram a direção. O que estava na mesa não era algo legal. Teria de colaborar para destruir o irmão do vice-governador e o próprio vice-governador ficar de joelhos para que em 2026 não concorresse,” acusou.
‘É um risco uma instituição de Estado se tornar instrumento de perseguição política e isso não pode ser normalizado,” disse o empresário, revelando também que no dia 19 de maio o governador Marco Rocha nomeou o delegado Marcos Correia na Casa Civil para fazer “arapongagem.”
“Segundo servidores, o delegado tem buscado acesso aos sistemas de inteligência de órgãos diversos para fazer arapongagem, mapear adversários políticos, produzir dossiês e cravar operações forjadas dirigidas a pessoas que se opõem a esse grupo político,” disse.
“Diante disso, faço a pergunta: se o governador Marcos Rocha não tem participação nesses atos, porque ele tem permitido,?” indagou o ex-chefe da Casa Civil.
O ex-colaborador do governo Marcos Rocha disse ainda que o novo diretor-geral da Polícia Civil, Jeremias Mendes, exonerou a delegada Simone Barbieri do Departamento de Estratégia e Inteligência (DEI). Barbieri estava à frente da investigação da denúncia de irregularidade no contrato de digitalização de documentos quando Elias Rezende era diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), e hoje chefia a Casa Civil, tendo participação na engenharia de desconstrução de reputações. Antes de sair do cargo, Simoni indiciou Elias e enviou o inquérito ao Ministério Publico.
Pressão política e nomeações
“Quero deixar claro algo importante: não acredito que a direção da Polícia Civil cederá à pressão política. Não conheço profundamente os novos diretores, mas sei que ambos possuem careira respeitada dentro da corporação. Espero que mantenham a dignidade o profissionalismo mesmo em tempos de turbulência política,” disse Junior Gonçalves.
O ex-chefe da Casa Civil não acusou diretamente Marcos Rocha de nada, mas deixou claro que se ele nomeia as pessoas deve saber o que elas estão fazendo.
“Não tem como a Casa Civil fazer qualquer coisa que o chefe do Executivo não saiba. E eu sempre julguei as atitudes que o governador teve. As ordens que ele me deu, responsáveis e sérias. Agora, diante de tantas publicações que o próprio governo coloca na mídia contra ele mesmo, diante de tanto escândalo que nunca houve, bastou eu sair, com execração pública de pessoas, do ex-chefe da Casa Civil, se faz isso tudo dentro do próprio governo, eu volto a fazer a pergunta. Até onde isso chega no chefe do Poder Executivo?,” disse.
Junior Gonçalves disse conhecer o “governo por dentro, sei como funciona, e se for para apurar qualquer coisa, estou à disposição para colaborar.” O empresário disse ainda que tema consciência limpa, que sempre cumpriu ordens lícitas, e que “devem perguntar ao governador se havia outros interesses” nas ordens dadas.
Detran
Dirigindo-se ao governador e primeira-dama Luana Rocha, caso “estejam assistindo a live (transmitida pelo Instagram),” Junior Gonçalves disse: “Fico feliz que vocês querem investigar corrupção dentro do governo de vocês. Dou uma sugestão. Comecem investigando o Detran. Olhem quem veio do Rio de Janeiro surfar na onda do governo,” declarou. O Departamento de Transito é chefiado há um ano por Sandro Rocha, irmão do governador.