Indígenas Mura, que habitam terras em Autazes, a 112 quilômetros da capital do Amazonas, destituíram comissão que sempre se manifestou contra a exploração de potássio e agora, pela unanimidade de 34 das 36 etnias existentes na região, decidiram apoiar o projeto Potássio do Brasil. Eles constituiram nova comissão para representá-los.
A informação é do senador Plinio Valério (PSDB-AM), que na manhã desta terça-feira, 26, durante a condução dos trabalhos da CPI das ONGs, disse que os Mura sempre estiveram contra o acordo existente da empresa que tem o direito à exploração, “manipulados que eram por ONGs.”
“Mas a minoria invisível reagiu. Uma nova comissão foi formada. Isso abre a porta para gerar ao menos 3 mil empregos diretos, vai gerar impostos e reduzir a importação, a dependência do Brasil por potássio,” disse o senador.
Segundo ele, o Brasil importa 82% do potássio que consome. Só Autazes poderá suprir em 25% a necessidade do país. “Muita gente liga para dizer que a CPI tem participação nisso, contribuiu para esse momento, é uma excelente notícia,” disse. O potássio é um mineral utilizado em fertilizantes, essencial para a agricultura.
Depois de fazer sua reunião, os Mura se encontraram nesta segunda-feira, 25, com o governador Wilson Lima, do Amazonas, e representante da empresa Potássio do Brasil, Adriano Espeschit, para anunciar o apoio ao projeto.
Representando a etnia o indígena José Cláudio entregou ao governador uma ata e relatório de reunião entre lideranças indígenas aceitando a continuidade do projeto de exploração do potássio. “Para nós, é muito importante porque isso representa o futuro, o avanço econômico de Autazes e do estado do Amazonas”, disse o indígena.
O governador Wilson Lima disse que o apoio dos muras é importante não apenas para o desenvolvimento do município de Autazes, mas para o Amazonas. Para ele, é a possibilidade de consolidação de uma nova matriz econômica.
“Esse é um passo fundamental e eu considero o passo mais importante, que é o processo de consulta ao povo mura sobre essa atividade da exploração do potássio no município de Autazes,” declarou.
Segundo o governo estadual, no último dia 25 de agosto a Justiça federal do Amazonas anulou a licença ambiental prévia do Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas) e estabeleceu que a competência para o licenciamento é do Ibama. Foi um pedido do Ministério Público Federal (MPF), que alega que o empreendimento vai impactar terras indígenas situadas em Autazes.
Participaram também do encontro com o governador e lideranças indígenas o presidente da ALE-AM (Assembleia Legislativa), Roberto Cidade, e os secretários de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), Serafim Corrêa; o diretor-presidente do Ipaam, Juliano Valente; e outros secretários e deputados.