Margem equatorial: Petrobrás prepara mais uma base, no Amapá, para tratar fauna marinha

Um outro centro para acolhimento de possível fauna atingida por vazamento é uma exigência do Ibama.
Margem equatorial: fronteira exploratória de petróleo atinge 6 estados. Imagem: Petrobras.

Com o Blog da Mara

A Petrobrás espera concluir no primeiro trimestre de 2025 o segundo Centro de Reabilitação e Despetrolização de Fauna (CRD) relacionado à Margem Equatorial, área de presença de petróleo que abrange seis estados da federação. A unidade ficará no Oiapoque, no Amapá, extremo norte do país.

O Pará já abriga um CRD desde 2023, pronto para receber a fauna marinha em caso de vazamentos de óleo durante a fase de perfuração de poços na nova fronteira de exploratória de petróleo. A Petrobras, no ano passado, acolheu solicitações do Ibama para reforçar o centro, localizado em Belém.

O Ibama exige outro centro de acolhimento de animais, uma das condições para a empresa obter a licença apenas para a Petrobras perfurar um poço com intuito de conhecer o potencial petrolífero. A demora na obtenção da licença tem gerado embates entre o Ministério de Minas e Energia e Ibama.

Desde 2013 que a Petrobras ganhou o leilão para explorar o poço FZA-M-59, na área da bacia da foz do Amazonas, que se encontra a 175 quilômetros da costa, em profundidade de 2.880 km. Apesar do nome foz do Amazonas, o local fica a 540 km da foz do rio propriamente dita.

“A gente está falando do plano de proteção à fauna que faz parte do plano de emergência dessa atividade, que é a perfuração de poços”, explica a gerente geral de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Petrobrás, Daniele Lomba.

O CRD, segundo ela, é uma última ação para o caso de barreiras preventivas e de monitoração não serem suficientes para evitar acidentes e impactos ao meio ambiente.

A exploração da margem equatorial consta do plano estratégico da Petrobras. Para a empresa, isso vai garantir que o país não tenha que importar petróleo no horizonte de dez anos.

Daniele Lomba avalia que a demora em obter licença para explorar a Bacia da Foz do Amazonas causa prejuízos para o país e para a Petrobrás. “Tem um custo para o país de não conhecer o potencial de reservas. É objetivo do país preservar o meio ambiente, mas é o objetivo também, e está na Constituição, conhecer seu potencial energético, explorar seus recursos em prol do desenvolvimento da sociedade”.

Já chega a cerca de R$ 1 bilhão o custo da Petrobras empregado até o momento na mobilização de máquinas, equipe, pesquisa e outros investimentos em razão da demorada licença.

Um estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima que o volume potencial total recuperável da Bacia da Foz do Amazonas pode chegar a 10 bilhões de barris de óleo equivalente. Para efeito de comparação, dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram que o Brasil tem 66 bilhões de barris entre reservas provadas, prováveis e possíveis.

O CRD de Belém ficou pronta em fevereiro de 2023, e conta com seis profissionais entre veterinários, biólogos e tratadores, de prontidão para o caso da chegada de algum animal atingido por vazamento de óleo. O imóvel fica em uma área de 3 mil metros quadrados em Icoaraci, distrito de Belém.

A bióloga Elisa Vieira aponta o CRD como um dos mais modernos centros de atendimento a animais do país.

“A estrutura prevê já todas as etapas de atendimento ao animal, recepção, triagem, estabilização, etapa de lavagem, de secagem. Tem todos os recintos para aves, tartarugas e mamíferos marinhos [peixe-boi e cetáceo, por exemplo”, descreve a analista ambiental da Petrobrás.

Margem equatorial

A margem equatorial ganhou notoriedade nos últimos anos. Descobertas recentes de petróleo e gás no litoral da Colômbia, Guiana, Guiana Francesa e do Suriname mostraram o potencial petrolífero da região, localizada próxima à linha do Equador.

No Brasil, se estende a partir do Rio Grande do Norte e segue até o Amapá. A Petrobrás tem 16 poços na nova fronteira exploratória, no entanto, só tem autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) – órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima – para perfurar dois deles, na costa do Rio Grande do Norte.