Marina Silva não aguenta o tranco e abandona a Comissão de Infraestrutura  

Desentendimento com Plínio Valério, senador do Amazonas, foi a gota d'água para a ministra se retirar; antes, já tinha tido bate boca com outros senadores.
Marina bateu boca com vários senadores, e a gota d'água foi com Plínio Valério. Foto: Geraldo Magela.

A ida da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, à Comissão de Infraestrutura (CI) nesta terça-feira, 27, foi marcada por momentos tensos provocados ora por ela mesma ora por senadores, inclusive o presidente do colegiado, senador Marcos Rogério (PL-RO).

Marina Silva foi cobrada por demora em licenças ambientais; pelo impasse que o meio ambiente causa à pavimentação da BR-319, que liga Rondônia ao Amazonas, obra prometida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em setembro de 2024 durante visita Manaus e com desconfiança por causa da criação de unidades de conservação Marinha no Norte, no Amapá.

Foi um senador do Estado, Lucas Barreto (PSD), quem pediu sua presença, diante da preocupação do parlamentar de que a criação dessas áreas impossibilite a prospecção e exploração de petróleo na Margem Equatorial na costa de Oiapoque, município do Amapá.

Marina Silva permaneceu durante três horas e meio em debate com os senadores. Um desentendimento com o senador Plínio Valério (PSDB-AM), com quem ela já se desentendeu na CPI das Ongs, foi a gota d’ água para a saída dela da audiência.

“Ministra Marina Silva, que bom reencontrá-la. Ao olhar para a senhora, eu estou falando com a ministra, não estou falando com a mulher. Eu quero separar. Porque a mulher merece respeito, a ministra, não,” disse Valério.

Pronto. A ministra ficou na mesa esbravejando sem parar “ele disse que ia me enfocar,” – o senador Plínio em discurso recente no Plenário usou a expressão -, e Marcos Rogério pedindo para todos se acalmarem, “sem provocação.”

“Sou ministra de Meio Ambiente, e foi nessa condição que eu fui convidada e ouvir um senador dizer que não me respeita como ministra, se não pedir desculpa vou me retirar,” disse ela. E se retirou.

Anteriormente, a ministra já havia se desentendido com outros senadores, como Omar Aziz, também do Amazonas, que cobrou a pavimentação da BR-319, a única via de ligação terrestre do Amazonas ao restante do Brasil.

Marina Silva defendeu sua atuação à frente do Ministério do Meio Ambiente, e lembrou ao senador Aziz que desde que deixou o ministério, em 2008, até o inicio de 2023 passaram 15 anos. “Por que não asfaltaram a estrada? Não fizeram o que tinha para fazer?”

Ao presidente da CI, senador Marcos Rogério (PL-RO), ela disse que não é “uma mulher submissa”. Na sequência, ele disse para  a ministra se “por no lugar dela,” recebendo críticas de senadores na comissão, como Elisiane Gama (MA). Ela e outras parlamentares saíram em defesa  da ministra, e acusaram os senadores de misoginia.

Marcos Rogério disse que diante do ocorrido,  convocação da ministra deve ser posta em votação na próxima reunião deliberativa do colegiado.

Atualizada às 00h