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MEMÓRIA: Valdemar Costa Neto negociou R$ 10 mi para apoiar Lula

Negociação teria ocorrido em um apartamento de deputado petista em Brasília; Lula e José Alencar, vice do petista, estavam no local.
Valdemar Costa Neto e Lula. Foto: Divulgação.
Acordo  com o PT ocorreu  na eleição de 2002, quando o presidente do PL quis em troca de R$ 15 a R$ 20 milhões, mas o partido de Lula  fechou em R$ 10 milhões.
Valdemar Costa Neto, o dono do PL que agora anuncia oposição ao governo Lula a partir de 2023, fez acordo com o PT dentro de um quarto do apartamento do deputado Paulo Rocha (PT) em Brasília para apoiar a eleição de Lula da Silva em 2002, primeiro mandato do petista. De lá para cá, vejam como é a política partidária no Brasil, já são 20 anos que o Partido Liberal está sob o comando de Valdemar, processado e preso por causa do Mensalão.
Por isso o chamo de dono. Não apenas o PL, mas os partidos são hoje um amontoado de siglas manipuladas por seus proprietários. Os filiados dizem amém. Essa circunstância, por si só, é uma demonstração cabal de que a democracia está ameaçada de muito antes da governança autoritária empreendida por Bolsonaro. E há outros elementos, igualmente prejudiciais à democracia, dentro do Judiciário – o ativismo político – e do Congresso Nacional -primazia dos interesses pessoais em detrimento dos interesses da nação.
Para não desviar o assunto, voltemos a Valdemar. Numa edição especial da revista Época, em 2005, o político confessou em detalhes como se deu a negociação para que o PT irrigasse o PL com alguns milhões de reais em troca de apoio total ao lulopetismo. Valdemar queria de R$ 15 a R$ 20 milhões, mas José Dirceu, braço de ferro de Lula naquela eleição, e Delúbio Soares, estavam firmes, jogaram R$ 10 milhões.
A negociação empacava e o vice de Lula, empresário José Alencar, do PL, e o próprio futuro presidente da República, se impacientavam em uma sala. Os deputados do PL não queriam a coligação, já que seriam prejudicados eleitoralmente, e uma decisão do STF estabelecendo a verticalização – se coligado no plano nacional com um partido, determinado partido deveria coligar nos estados com o mesmo partido – prejudicava os interesses do PL nos estados.
Valdemar argumentava, então, que precisava da bolada gorda para conseguir segurar o pessoal dele no apoio a Lula, até porque havia outra lei que obrigava todo partido a ter pelo menos 5% dos votos para ter acesso aos recursos do Fundo Partidário, o que dificultava mais a situação regional.
Lula estava no local para autorizar a operação. Quando saiu a matéria na Época, a Comunicação da Presidência da República emitiu uma lacônica nota dizendo que “Luiz Inácio Lula da Silva e José Alencar participaram de conversações políticas com vistas à conformação da base partidária de apoio à chapa que terminou por vencer as eleições presidenciais.” Não desmentiu que estavam no apartamento do deputado e sabiam dessas conversas.
A negociação se encaminhou para os R$ 10 milhões. Valdemar conta que só foram entregues, algumas vezes em malas providenciadas por Delúbio, R$ 6,5 milhões; já Delúbio disse que foram entregues R$ 10,5 milhões parcelados. Valdemar diz que não declarou o dinheiro recebido do PT, e pelo que se sabe, pouca gente se beneficiou dele no PL. Seu dono até hoje é outra história.
Assim caminhamos. A democracia brasileira vem sendo conspurcada a cada eleição após a redemocratização – antes da compra de voto dos parlamentares, tivemos, em um governo que se declarava socialdemocrata, progressista, a emenda comprada da reeleição, o maior instrumento de corrupção da política na atualidade.
Link para quem quiser saber mais sobre a entrevista à Epoca: http://revistaepoca.globo.com/…/0,6993,EPT1013297-1653…