Na CPI das ONGs, professor nega que desmatamento da Amazônia afete clima global

Molion buscou demonstrar que fenômenos meteorológicos, como o El Niño, são os principais causadores das variações climáticas intensas.
Senador Márcio Bittar quer alterar regra constitucional sobre composição do TSE. Foto:Roque de Sa.

A CPI das ONGs ouviu nesta terça-feira (5) o professor da Universidade Federal de Alagoas Luiz Carlos Molion sobre a influência da Amazônia para o regime de chuvas e para o clima na América do Sul e no planeta. Segundo ele, na “hipótese absurda de se desmatar toda a Amazônia, o que levaria cerca de 600 anos na taxa atual, o clima global não seria afetado”.

O professor disse que a fonte de umidade para regiões fora da Amazônia não é a floresta, e sim o Oceano Atlântico tropical.

Molion contestou artigo publicado pelo Vaticano em que a Amazônia é apontada como responsável pela distribuição das chuvas no continente. De acordo com ele, não há base científica para tal afirmação.

— Não vem umidade nenhuma da Amazônia, porque, se fosse ela a fonte de umidade, ela secaria e se transformaria num deserto ao longo dos milhares de anos. Quer dizer, isso é a prova por absurdo de que ela está perfeitamente em equilíbrio e, portanto, a umidade vem do Oceano Atlântico — disse o professor, que é PhD em meteorologia com pós-doutorado em hidrologia de florestas.

Em sua apresentação, ele buscou demonstrar que fenômenos meteorológicos, como o El Niño, são os principais causadores das variações climáticas intensas, como as fortes secas no Nordeste e no Sudeste do Brasil, e que vêm ocorrendo historicamente.

Para Molion, o problema do desmatamento na Amazônia já foi mais grave no passado. Segundo ele, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que em 1995 foram desmatados 30 mil quilômetros quadrados em um ano. Outros 25 mil teriam sido perdidos entre 2003 e 2004. Atualmente, o desmatamento está em torno de 10 mil quilômetros quadrados e seria impossível, afirmou o professor, chegar a um ponto sem volta na destruição da floresta.

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