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Na guerra da vacina, Bolsonaro e Dória degolaram a razão

Pazuello disse aos governadores que deve começar a vacinação em fevereiro, enquanto São Paulo inicia 25 de janeiro.
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, durante cerimônia de posse no Palácio do Planalto.Foto: Marcelo Camargo.

Coisa boa não vai dar essa briga política travada entre o presidente Jair Bolsonaro e João Dória, governador de São Paulo, em torno da vacina para a  Covid-19.  O noticiário desta terça-feira, 8, é marcado pelo desentendimento havido entre Dória e o ministro Pazuello (Saúde), expressão menor dos desejos do chefe, propositalmente atrasado na visão de governadores sobre os preparativos para uma vacinação contra o coronavírus no país.

A imprensa registra arrogância de um lado, caso do Dória, e descaso de outro, caso de ´Pazuello, enquanto a população assiste atônita a queda de braço entre dois atores que até outro dia se aliaram na campanha para levar o ex-capitão  ao olimpo da vida pública.

Os governadores que se preocupam em atender com celeridade aqueles a quem governam e também prefeitos têm sua razão de ficar apreensivos porque o que marca a gestão federal é comprovadamente o negacionismo da pandemia, e se assim não fosse milhares de mortes poderiam ter sido evitadas, com um plano de testagem em massa por exemplo.

Querem priorizar a compra da vacina,  e como todo mundo querem a regularidade da vida social e econômica em suas regiões, sob pena de mais prejuízos em caso de prolongamento da circulação do coronavírus. E só uma vacina trará em menor tempo essa tranquilidade.

O ministro Pazuello disse aos governadores que deve começar a vacinação em fevereiro, enquanto São Paulo tem data, 25 de janeiro. Um é incerto, não apresentou plano, coisas simples como seringas, freezer, algodão, caixas térmicas, luvas e outros insumos podem faltar, e o outro, com o laboratório dentro de casa, o Butantan, apressa-se a organizar uma vacinação, querendo se desvincular do governo federal, a quem compete encaminhar a vacinação mediante o Programa de Imunizações existente no Ministério da Saúde.

Tanto um quanto outro erram. Dória exagera mas ao menos presta um serviço para a saúde pública da população – não é negacionista -, enquanto Jair Bolsonaro, por ser o governador seu desafeto político e devido a sua posição ideológica descabida, desprestigia o Butantan, instituição centenária com tantos serviços prestados ao Brasil, parceiro da Coronavac, a avançada vacina desenvolvida por um laboratório chinês.

Enquanto arde a fogueira de vaidades em que estão mergulhados, as pessoas adoecem, a inflação aflige os mais pobres, o desemprego esmorece os jovens, o coronovírus faz festa em todo lugar e a política mesquinha implode os interesses coletivos.

Na guerra da vacina, Bolsonaro e Dória degolaram a razão.

Salvem-se quem puder. Pobre Brasil.