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Nas eleições, ninguém é atacado impunemente

Além dos 30% do Fundo Eleitoral e dos 5% de investimento em formação, há novo tempero: os partidos não puderam fazer alianças.
Cristiane Lopes: Câmara de Vereadores é uma escola política. Foto: Reprodução.

Não se atira pedras em árvores que não  dão  frutos. 

Nas eleições, candidatos não costumam ser atacados impunemente.  Vamos lembrar, para começo, a campanha presidencial. O tucano Geraldo Alckmin atacou Jair Bolsonaro desde o início da campanha. A estratégia nada o favoreceu.

Indo bem para longe, 1986, em São Paulo – morava lá e concluía minha faculdade – Orestes Quércia, sem apoio do governador Franco Montoro (MDB), aparecia com apenas 10% nas pesquisas para governador e era sovado pelo malufismo, cujo candidato, Paulo Maluf, aparecia com 30% juntamente com o empresário Antônio Ermírio de Moraes. Deu Quércia, com uma montanha de votos surpreendente.

Em 2010, o hoje senador Confúcio Moura era atacado impiedosamente, e se negava a reagir às provocações para desespero da sua equipe. Acabou eleito governador de Rondônia por duas vezes.

Vindo ao que interessa, as campanhas locais, evidente ficou que Williames Pimentel (MDB) não alcançou o resultado esperado em 2016, candidato novamente em defesa da importante bandeira da saúde, ao atacar o tucano Hildon Chaves na questão da fortuna amealhada pelo candidato. De nada serviu no debate. Claro que outros fatores concorreram para que ele não chegasse ao 2º turno.

Agora, tem alguns dias, precisamente desde o debate em que fez acusações ao candidato do PCB Samuel Costa, a jornalista, apresentadora e vereadora Cristiane Lopes, candidata do PP, é atacada por partidários graúdos do prefeito Hildon Chaves (PSDB).  Ataques que favorecem ainda mais a candidata irromperam com outras tintas após ela anunciar ter contraído a Covid-19.

A ausência de Vinicius Miguel (Cidadania) de um debate televisivo também pode favorecer Cristiane Lopes.

Para registro das mulheres nos processos locais, é bom trazer à memória a corrida eleitoral de 2012, quando Fátima Cleide concorreu para a prefeitura de Porto Velho em circunstância bastante adversa, cheia de obras inacabadas oriundas da gestão Roberto Sobrinho, e seu PT amaldiçoado pelo triunfo da razão cínica, muito bem retratado pelo livreiro César Benjamin.  Na campanha, ela e o partido eram duramente criticados pelos eleitores nas ruas.

Foi a eleição em que Mariana Carvalho (PSDB) também concorreu ao cargo de prefeita.  Porto Velho agora tem uma mulher entre 15 candidatos, e como não existe eleição ganha antes da apuração, a vereadora Cristiane Lopes pode surpreender, como qualquer outro candidato menos pontuado pelas pesquisas, assim já aconteceu tantas vezes, em todo lugar.

É recorde nesta eleição o número de candidatas no país. Alterações e inovações legislativas há muito reivindicadas pelas mulheres estão sendo colocadas em prática. A distribuição de verbas para campanha decidida pela justiça eleitoral em 2018 já trouxe reflexo naquela eleição.

Segundo o TSE, foram eleitas 290 candidatas, de um total de 9.204 (31,6%) representando 16,2% de 1.790 eleitos no país. Isso representa um aumento de 52,6% em relação a 2014, quando apenas 190 mulheres eleitas — 11,1%  do total de 1.711 eleitos, um crescimento de 5,1% com relação a 2010.

As deputadas federais eleitas saíram de 51 em 2014 para 77 em 2018, um aumento de 51%.  Para os legislativos estaduais, o aumento em 2018 (161) foi de 41,2% a mais do que em 2014 (114).

Portanto, o cenário para as mulheres em 2020 se apresenta mais otimista. Vamos lembrar que além dos 30% do Fundo Eleitoral e dos 5% de investimento em formação, a disputa eleitoral tem novo tempero: os partidos não puderam formar coligações. Isso torna a competição mais dura, e se os partidos quiserem ostentar vitória no pleito têm de investir em seus candidatos.

No mais, nas competições eleitorais não se chuta cachorro morto e não se atira pedra em árvores que não  dão frutos.