Coordenadora da campanha de Marina Silva em 2014, Maria Alice Setúbal, a Neca, uma das herdeiras do banco Itaú, apanhou muito do PT na eleição daquele ano. A sociológa, atuante na area da educação do terceiro setor há muito tempo, nunca teve cargo na instituição financeira da qual é acionista. Agora leva peia de novo – vejam só – porque passou a integrar a equipe de transição de educação de Lula.
Desta vez são os eleitores de Bolsonaro que atacam Neca por fazer parte da equipe, acreditam que está a serviço do banco, mas a bem da verdade eles estão atacando mesmo, ao contrário do PT em 2014, o Itaú.
Neca, na tonitruante eleição que parece não ter fim, foi a fagulha para que nas redes sociais eleitores de Bolsonaro organizem boicote ao banco via cancelamento de contas, e dizem que o Itaú, ao doar para a campanha petista – o que já fez em outras ocasiões – é comunista.
Como não sabem o que dizem, outros arriscam manifestar que o banco deseja voltar a faturar gordamente com operações de transferencias (TED e DOC), o que foi reduzido com a chegada do Pix, e está combinado com o PT ganhos ainda maiores com juros altos em futuro breve.
O PT torturou Neca, com atuação em projetos em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo, por ser rica, herdeira de banco. Desprezou sua atuação como educadora, inclusive cogitada para integrar, antes da eleição de 2014, a equipe de Fernando Haddad na prefeitura de São Paulo.
Dilma e os petistas acusaram-na duramente de ser mentora da ideia do Banco Central independente, para atender interesse do Itaú, e que a candidata Marina – de volta ao ninho petista apesar de tudo – era sustentada por banqueiro e iria tirar o prato de comida da mesa do povo. Os ataques deram tão certo que Marina caiu e Aécio subiu, indo ao segundo turno com a petista.
É perturbadora a atuação dos eleitores que retroalimentam a política que divide o Brasil, é perturbadora a avaliação dos fatos corrente nas redes sociais.
Militantes-eleitores deveriam, ao invés de crucificar, celebrar o exemplo de alguém da privilegiada elite brasileira em doar seu tempo e experiência para o debate do Brasil, seja para qual político voluntariar os préstimos, e cobrar de abastados iguais à Neca mais responsabilidade social e cidadania.