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Noruega e Alemanha apoiam objetivos do Fundo Amazônia

Os europeus esperam que o BNDES continue operando o fundo.
Sede do BNDES, gestor do Fundo Amazonia. Foto: Fernando Frazão/ABr.

Vinicius Neder, O Estado de S.Paulo e Blog da Mara

RIO – Os governos da Noruega e da Alemanha defenderam os atuais objetivos e a governança do Fundo Amazônia, em carta enviada ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na semana passada. Sem mudanças nas regras de aplicação do dinheiro acordadas entre os países, os europeus esperam que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) continue operando o fundo, segundo as regras atuais.

O ministro  Ricardo Salles defendeu recentemente que os recursos do fundo possam ser usados para indenizar produtores  que vivam em áreas de unidades de conservação, como relevou o Estado em 25 de maio.Criado em 2008 com doações de R$ 3,2 bilhões da Noruega e de R$ 200 milhões da Alemanha, o Fundo Amazônia é destinado ao financiamento, com recursos não reembolsáveis, de projetos que produzam redução na emissão de gases do efeito estufa associados ao desmatamento. As regras atuais proíbem a indenização de proprietários de terra.

Ministro Ricardo Salles quer rever o uso dos recursos do fundo. Foto Divulgação.

Em Brasília, a Embaixada Real da Noruega informou na manhã de terça-feira, 11, que recebeu uma carta do governo brasileiro em 31 de maio, mas que nela “não há propostas para o uso dos recursos do Fundo Amazônia”.

A resposta foi enviada também por carta, datada do último dia 5. O texto, ao qual o Estado teve acesso, é assinado pelos embaixadores Nils Gunneng, da Noruega, e Georg Witschel, da Alemanha. Os dois países europeus defendem a atual estrutura de governança, com operação pelo BNDES e definição de diretrizes pelo Comitê Orientador do Fundo Amazônia (Cofa).

“O comitê diretor do Fundo (Cofa) tem a participação ampla do governo federal, de governos estaduais e da sociedade civil. Ele toma decisões por consenso entre esses três grupos. A governança do fundo segue as melhores práticas globais de governo aberto e participação democrática”, diz a carta.

“A cada ano, a gestão do fundo pelo BNDES é sujeita a auditorias financeiras e avaliações de impacto, feitas de acordo com padrões internacionais. Até agora, essas auditorias e avaliações têm sido unânimes no reconhecimento geral do uso eficiente dos recursos e dos impactos mensuráveis na redução do desmatamento por parte do Fundo Amazônia”, diz a carta, em inglês, frisando que nenhuma das auditorias encontraram quaisquer “atos ilegais ou má gestão dos recursos do fundo”.

Em 17 de maio, o ministro Salles anunciou uma análise no fundo que teria identificado “fragilidades na governança e implementação” dos projetos apoiados. Salles anunciou os resultados da análise na sede do Ibama em São Paulo. Segundo uma nota oficial publicada no site do ministério, a análise foi feita numa amostra de 30% dos 103 contratos já firmados pelo Fundo Amazônia desde 2008.

O BNDES afastou a então chefe do Departamento de Meio Ambiente, Daniela Baccas – a diretoria do banco alegou que o afastamento seria uma “prática natural enquanto se esclarecem as questões levantadas” pelo Ministério do Meio Ambiente e não representaria “qualquer suspeita específica sobre a conduta dos funcionários do banco”. Em reação, o superintendente da Área de Gestão Pública e Socioambiental do banco, Gabriel Rangel Visconti, entregou o cargo.