Leio em O Globo que virou um abacaxi para Luiz Inácio Lula da Silva o vôo de 200 reais, uma iniciativa que engata lançamento desde março, mas por defeito de concepção e populismo retrógrado – se é que há populismo moderno – a marcha não sai do lugar.
Fazer “o pobre voltar a andar de avião,” uma extravagância sem sentido diante dos preços dos alimentos, foi o mote da campanha de 2022 do petista. Está dando tudo errado, porém, desde o começo da iniciativa, e não há dentro do governo a data do lançamento do voo baratinho para aposentados que ganham até dois salários mínimos e estudantes do ProUni.
Há três meses, conta O Globo, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa, tenta com o chefe de gabinete de Luiz Inácio agendar uma data para lançar o Voa Brasil, que os auxiliares próximos ao ministro da Casa Civil Rui Costa dizem duvidar de sua eficácia.
É um abacaxi por excelência, que para os assessores palacianos tem potencial para produzir nova queda na popularidade de Luiz Inácio.
O ministro é um trapalhão. Em janeiro anunciou o programa e claramente disse que as passagens aéreas seriam de 200 reais para um grupo especial de pessoas, gente que não viaja há muito tempo ou até mesmo nunca andou de avião.
Depois, em março, declarou ser “insano” oferecer um preço desses, que as passagens serão disponibilizadas pelas próprias empresas, “sem R$ 1 do tesouro,” negando no Roda Viva da TV Cultura que tenha anunciado a insanidade.

Novamente mostrou naquele momento que, além de trapalhão, desconhece a realidade das companhias aéreas e seu modus operandi.
Mas ele sabe que sem o governo federal botar dinheiro, criar algum subsidio como fez para o fracassado programa de vender carros mais baratos com injeção da nossa grana nas montadoras de veículos, para atrair a classe média – doce ilusão – a coisa não vai para frente.
Tanto que após falar da “insanidade” do Voa Brasil, qualidade mais parecida a um governo com perfil gastador e a exemplo das gestões petistas anteriores cria politicas a esmo, pulverizando recursos, sem que na totalidade sejam avaliadas e executadas a bom termo, disse que a pasta estudava a possibilidade de ser criado um fundo de crédito para companhias aéreas.
Ao Poder360, Silvio Costa disse haver “hoje no governo uma ‘unidade’ para se criar um fundo permanente para empresas desse setor.”
A matéria de O Globo deste primeiro de maio desmorona o ministro. Trecho da reportagem diz: “O governo não terá qualquer controle da oferta de passagens. Isso porque não há dinheiro do governo federal para subsidiar os preços. Esse modelo, avaliam, deixa o Executivo nas mãos das empresas, que podem alterar os preços e a quantidade de voos oferecidos.”
Às voltas com rombo nas contas públicas, evidente parece que a Fazenda não irá compactuar com a criação de um fundo para adubar as companhias aéreas a fim de “fazer o pobre voltar a andar de avião” como deseja Luiz Inacio Lula.
No fim, o Voa Brasil se resume a colocar uma plataforma para o alvo do programa procurar passagens a 200 reais que serão disponibilizadas pelas companhias aéreas, na quantidade e para onde elas bem entenderem.
É certo também, pelo perfil do governo do PT, não contar com um recuo e admissão de que a concepção e resultado a ser atingido com o Voa Brasil são erráticos.
Luiz Inácio tem sim um abacaxi nas mãos, por dinâmica provocada por ele mesmo, e o povo brasileiro ganha uma banana, que virou ouro aliás em tudo que é mercado. Ao fim e ao cabo, tudo isso tem nome: estelionato eleitoral.