Pesquisar
Close this search box.

 O alerta a Pacheco, o incoerente-mor que bajula juízes

PEC 10, pauta bomba de Pacheco, pode ser desativada com o trágico evento climático no RS e o alerta dado por Consultoria do Senado.
Pacheco disse varias vezes que em 2024 iria se dedicar a "melhorar gastos públicos." Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Com a PEC 10, que insiste colocar em votação, o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) se transmuta em bajulador de juízes, ignorando as próprias palavras de poucos meses atras quando defendeu que no ano de 2024 como presidente do Congresso Nacional iria se dedicar a “discutir gastos públicos.”

Como não se fazem mais políticos como antigamente, detentores de mandato que pelo fio do bigode e da palavra honravam o compromisso que faziam, Pacheco prefere persistir no erro e carregar a maior pauta bomba do parlamento com a proposta que leva sua assinatura e gera um rombo de bilhões de reais nas contas públicas.

Virou incoerente-mor da nação, e aqui descrevo em dois momentos distintos.

“A discussão sobre a qualidade do gasto público, o combate ao desperdício, a sobreposição de funções, o excesso de gastos, isso tem que ser pauta do Congresso Nacional na sequência da aprovação da reforma tributária”, declarou o camaleônico presidente do Senado, registro feito pelo Poder360 em setembro do ano passado por ocasião de sua presença na 38ª Conferencia da Federação Interamericana das Empresas de Seguros), no Rio de Janeiro.

Em novembro, no Canal Livre, programa de entrevistas da TV Bandeirantes, Pacheco novamente entoou com ar de seriedade a necessidade de apertar os cintos ao responder à pergunta do cientista político Fernando Schüller:

“Precisamos avaliar o gasto público, a despesa pública, avaliar o tamanho e discutir possível reestruturação do Estado brasileiro. Não é caça às bruxas, eliminar direito adquirido deve ser preservado, mas é inevitável que o ano de 2024 sob ponto de vista econômico tenha como prioridade a discussão de um Estado brasileiro necessário.”

É uma contraposição que deveria ser escancarada pelo jornalismo nacional, particularmente pelos comentaristas políticos a todo momento que falassem do impacto da chamada PEC do Quinquênio.

Políticos precisam ser emparedados constantemente entre o que dizem e fazem. No Brasil, atuam sem se importar com a desconexão entre palavras e atos porque certos estão da tolerância interminável do eleitor.

Logo veremos como os mineiros irão votar para governador, a ambição de Pacheco.

O incoerente-mor se depara, para levar a proposta adiante, com a reação de juristas, entidades de classe e até do presidente da Câmara, Arthur Lira, que já declarou não haver possibilidade de prosperar mais esse privilégio a uma categoria tão privilegiada. Ela contempla também aposentados e pensionistas da magistratura!

A Veja revela alerta dado ao senador de dentro de Casa. O despautério de levar adiante uma proposta que concede a cada cinco anos 5% a mais nos salários de juízes, promotores e procuradores e, sempre é possível piorar um pouco mais, estende o benefício por obra e graça do relator na CCJ a conselheiros de Tribunais de Contas, Defensorias Públicas e Advocacia Geral da União, esbarra em três aspectos.

A Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle do Senado estima o impacto do trem da alegria  em mais de 80 bilhões de reais até 2026. O setor aponta ausência de previsão de onde sairão os recursos, o fato de significar uma imposição da União sobre encargos de outros entes (Estados e Municípios) e a possibilidade de os vencimentos ultrapassarem o teto constitucional, de R$ 44 mil.  Ainda assim, Pacheco fala em atender ao menos os beneficiários da proposta original.

Agora, porém, temos o advento do desastre climático no Rio Grande do Sul, que exigirá vultosos recursos para repor a estrutura de serviços como postos de saúde, escolas e estradas. Talvez o trágico episódio, somado ao alerta de dentro de Casa, enterre a indecorosa PEC do senador Pacheco.

O que parece não ser enterrado nunca é o fato de os políticos em geral serem cada vez mais atores da desfaçatez, da incoerência e do oportunismo que leva em conta unicamente os próprios interesses.