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O debate

Na Rede Amazónica, na noite de sexta-feira (27), uma comunicadora e um gestor disputam a prefeitura de Porto Velho em 2º turno.
Imagem da cidade de Porto Velho banhada pelo rio Madeira. Foto: Blog.

O jogo está jogado, e no palco da eleição municipal o que interesse é o eleitor sentir quem terá capacidade de fazer mais entrega.

O debate é um embate de ideias. Dele se espera, na eleição, que os candidatos 1) conheçam o cargo para o qual concorrem; 2) estejam preparados e 3) apresentem propostas exequíveis. Na Rede Amazónica, na noite de sexta-feira (29), tivemos uma ótima comunicadora de um lado e um gestor um tanto confuso de outro.

Uma considera que tem solução para tudo e de tudo pode dar conta, e o outro pleiteia mais quatro anos não se sabe para o que dar continuidade, interromper o que ou apresentar alguma nova ação. E ambos não apresentaram propostas para enfrentamento das consequências da crise sanitária.

E foi por causa dela que assisti ao debate. Tinha a expectativa de ver um plano para soerguimento da economia para um tempo ainda mais difícil que virá, pós-pandemia, tempo mencionado algumas vezes pelo prefeito Hildon Chaves. Lembrou mas não tratou de alinhavar como a prefeitura será capaz de colaborar para que mais empregos e circulação de riqueza aconteça na capital, o quarto maior produtor de rebanho bovino do país.

Aliás, foi o boi que abateu tanto Hildon quanto Cristiane. Ele por ter esquecido e se atrapalhado com a pergunta dela se para sua eventual segunda gestão haveria um “plano de abate” para o gado, e ela por ter dito que o rebanho de Porto Velho é o 8º do país. Hildon a corrigiu, e do segundo bloco em diante passou a dizer que a candidata “ouve o galo cantar e não sabe onde.” Ela o chamou de “o ilusionista”, em alusão ao mágico do filme que impressiona plateias com mágicas que são fraudes.

E, se você que lê este arrazoado desprovido de qualquer intenção a não ser de relatar impressões, quer saber se o prefeito tem um plano para incrementar a cadeia econômica do extraordinário plantel de bois, ele não tem. Falou da existência de um frigorífico para o abate, logo depois esclarecido pela oponente que ele se encontra fechado. Convenhamos, falar de um frigorifico como se por si só fosse um plano não corresponde às condições 2 e 3 citadas na primeira linha deste Contraponto.

Cristiane Lopes demonstrou na tréplica também não ter o plano. Por aí, já no primeiro bloco, minha expectativa é frustrada. E assim seguiu até o final.

O prefeito insistiu no mote da experiência, gestão e responsabilidade para “fazer mais com menos”, errou ao desdenhar da parceria que a oponente  quer com o governo estadual – no governo, como na vida, ninguém faz nada sozinho -, precisando o gestor considerar o tamanho e a complexidade do município de Porto Velho se quiser fazer muito mais, e desqualificou a oponente em vários momentos.

De outro lado, Cristiane Lopes tergiversou nas perguntas sobre precatórios e meio ambiente, deu informações imprecisas, mas injetou esperança por  insistir “em coisas básicas que não foram colocadas em prática,” como o plano de mobilidade e de saneamento, não aprovados ainda pela Câmara de Vereadores.

Em busca dos votos perdidos, ou melhor, não decididos, tanto um quanto outro tentaram ganhar a simpatia daqueles que na pandemia defendem as medidas propagadas pela ciência, e neste caso assim se portou Cristiane Lopes, para fugir do rótulo de negacionista, e daqueles que fazem parte do mundo evangélico, caso do prefeito Hildon Chaves, ao abordar a candidata no terceiro bloco com pergunta relativa a este segmento.

Foi um debate sem grandes emoções. O jogo está jogado, e no palco da eleição municipal o que interesse é o eleitor sentir quem terá capacidade de fazer mais entrega, por temperamento, vocação, entusiasmo, vontade, liderança, experiência e conhecimento.