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ONGs seguem ideologia e cumprem interesses estrangeiros na Amazônia, diz jornalista

Autor de Máfia Verde diz que em Roraima se aplica uma política misantrópica, com o objetivo mesmo de expulsar o povo da região.
Lorenzo Carrasco na CPI : jornalista listou mais de 500 empreendimentos travados por causa de reservas indigenas. Foto: Geraldo Magela.

Blog da Mara e Agência Senado

A CPI das ONGs recebeu, nesta terça-feira (8), o jornalista mexicano Lorenzo Carrasco, que acusou países desenvolvidos de interferência na soberania brasileira por meio de investimento em ONGs. As ideias de Carrasco foram desenvolvidas com base em seu livro “Máfia Verde: o ambientalismo a serviço do governo mundial”, escrito em 2001.

Para ele, a mudança que o mundo sofreu com o fim da Guerra Fria não diminuiu o desejo de influência externa no Brasil.

— Qualquer ONG que recebe dinheiro de estrangeiro é uma organização de estrangeiros. Quem põe dinheiro, manda. Se as ONGs recebem dinheiro da Inglaterra, obedecem a agenda de fora. Essa estrutura se infiltrou dentro do Estado brasileiro. Há enclaves coloniais na estrutura nacional — disse Carrasco.

Segundo o jornalista, exemplos históricos de ingerência estrangeira na área ambiental estão comprovados em sua obra. Carrasco mostrou que a partir do inicio dos anos 80 o ambientalismo foi construído pelos paises desenvolvidos da Europa e Estados Unidos como uma ideologia colocada no “centro da sociedade e da economia” brasileiras, condicionando o desenvolvimento socioeconomico às diretrizes ambientais.

Capa do livro, edição de 2017.

— Antes da [Assembleia] Constituinte, a embaixada canadense deu apoio logístico para interferir no capítulo de meio ambiente na Constituição Federal de 1988. Em 1989, o presidente [americano] George Bush “proibiu” o Japão de financiar a rodovia do Acre para o [oceano] Pacífico. E aí vem a ideia de Michel Rocard, primeiro-ministro da França [de 1988 a 1991], de que tem que haver na Amazônia soberania compartilhada… — exemplificou o convidado.

A partir de 1991, documento interno americano, elaborado pelo secretário de Estado Henry Kissenger, no governo Nixon, mostra “algo inacreditável” que é a apropriação das ideias de Thomas Malthus, economista e matemático britânico, considerado o pai da demografia, que viveu no século 18, para consolidar as relações diplomaticas baseadas na ideologia ambiental.

Malthus apontou a insuficiência dos recursos naturais caso a humanidade superasse determinada quantidade populacional.

— Os objetivos principais [do ambientalismo] são controle direto ou indireto de recursos naturais, consolidação de um paradigma cultural contrário ao progresso e à reprodução humana e criação de estruturas supranacionais de governo mundial — afirmou, argumentando com declarações do presidente Lula em junho sobre a necessidade de maior governança mundial para que acordos climáticos sejam cumpridos.

O documento elencava treze países que ameaçavam o abastecimento de recursos naturais dos Estados Unidos e aliados, entre os quais o Brasil, Mexico, Colombia, India e Nigéria caso não ocorresse o controle objetivado pelo ambientalismo. Lorenzo Carrasco cita a implementação de políticas de esterilização em massa de mulheres no Maranhão e também no Acre, ocorrida sob influência externa.

Carrasco disse que o  inimigo da soberania do Brasil passa principalmente pelo Reino Unido e Casa de Windson, que financiaram a Survival Internacional para se obter a demarcação da Terra Indigena Ianomami. O resultado, disse, é que em Roraima se aplica uma política misantrópica, de desantropização, com “a ideia mesmo de expulsar o povo da região.” A África passou por isso, comparou.

“A melhor maneira de tirar os brasileiros do territorio brasileiro é criar reservas,” declarou, apresentando uma serie de slides na CPI. Um deles mostra que no Brasil a area preservada é praticamente toda a Europa.

Os dados por ele apresentados indicam que 66,3% do território nacional são reservas, ou seja, um percentual alto de exclusão econômica no país. As areas destinadas à preservação da vegetação no mundo rural no Cadastro Ambiental Rural (CAR) totalizam 25,6%; as unidades de conservação integral 10,4%; as terras indigenas são 13,8% e a vegetação em terras devolutas e não cadastradas  16,5%.

“A indignação por essa exclusão está surgindo e não vai parar,” acredita Carrasco.

527 obras paradas, maior parte no Centro-Oeste.

Em outro slide, ele apresentou uma lista de 527 empreendimentos – a maioria no setor de energia – que supostamente afetam terras indígenas e por isso estão estão travados. Carrasco ilustrou sua apresentação com algumas frases, como por exemplo a do atual secretário-executivo do Ministério do Meio AMbiente João Paulo Capobianco, que em 2008 tinha o mesmo cargo junto ao ministro da pasta Carlos Minc. Na posse do então ministro, ele disse:

“A Amazônia é do Brasil em termos. Até a lei brasileira condena uma mãe ou um pai que trate mal o seu filho a perder a guarda sobre ele.” De Fernando Henrique Cardoso, quando se despedida do Senado em dezembro de 1994:

“As ONGs já provaram sua valia na defesa da causa ecológica. Bem ao contrário de ameaças à soberania do Estado, devemos aprender a ve-las como organizações neo-governamentais. Formas inovadoras de articulação da sociedade civil com o Estado….o agente novo de um modelo de desenvolvimento que seja sustentável.”

Exploração de recursos

O senador Jaime Bagattoli (PL-RO) lembrou que o Brasil é uma das potências do mundo na oferta de energia hidrelétrica, mas que o ramo tem sofrido resistência por atores ambientalistas.

— Tudo que o [governo] militar implantou na década de 70, “integrar para não entregar” [política de desenvolvimento e defesa nacional na Amazônia], aos poucos vem se desfazendo. E aí foi só se criando dificuldade na implantação de usinas hidrelétricas. Nenhum país do mundo tem o potencial que a gente tem.

O tema também foi mencionado por Carrasco, que vinculou as campanhas de mobilização contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, à atuação de ONGs que recebem investimentos estrangeiros e orientações ideológicas. A usina demorou décadas até suas operações serem iniciadas em 2016 por ser alvo de controvérsias ambientais.

— Quem estava contrário à [construção da usina hidrelétrica] Belo Monte? Quem patrocinou? O Centro Ecumênico de Documentação e Informação [Cedi], que se converteu no Instituto Socioambiental (ISA), que estava sendo denunciado aqui reiteradamente pelos senadores. Mas isso é só um grupo de inteligência estrangeiro. Se fundou no Brasil, mas com apoio de uma coleção de ONGs internacionais, inclusive de inteligência dos EUA, por exemplo a World Wildlife Fund [WWF]… Em 1991, 90% [da energia no Brasil] provinha do sistema hidrelétrico, que é a mais barata. Em 30 anos, teremos a segunda energia mais cara do planeta — alertou Carrasco.

O jornalista ainda acusou a Noruega de aumentar a sua produção de petróleo enquanto cria barreiras para que o mesmo não ocorra na região amazônica. O país também foi criticado pelo senador Styvenson Valentim (Podemos-RN).

— A Noruega investe no Fundo da Amazônia no Brasil para preservar, conservar… [Mas] tem participação em mineradoras na Amazônia. Parece um bom negócio deixar intacta nossa floresta, sem poder ser procurado minérios e riquezas que só alguns podem ter acesso— apontou o senador.

O senador Marcio Bittar (União-AC), relator da CPI, reforçou que o “catastrofismo” dos impactos ambientais causados pelo homem é utilizado para a manutenção e o aumento do centro de poder no mundo.

— O medo faz com que as pessoas percam a razão. E nesse estágio fica fácil, a partir do medo do fim do mundo, projetar a campanha ambiental, que é uma guerra econômica, mas travestida de preocupação ambiental.

O livro Máfia Verde, escrito por Carrasco em parceria com outros dois autores, foi alvo de controvérsias ao longo dos anos por questionar a ação humana como causa do aquecimento global. A última edição da obra foi em 2017.

Video da exposição de Carrasco: