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Operação de hidrelétrica em RO pode ser interrompida por até 57 dias   

Se a hidrelétrica paralisar sua operação, segundo o Estadão haveria um rombo milionário nas contas de luz.
Das 50 turbinas da hidrelétrica de Santo Antonio, seis alimentam a energia de Rondônia e Acre. Foto: Cleris Muniz.

A Santo Antônio Energia alerta para o rompimento de estruturas usadas para conter a passagem de troncos carregados pelo rio.

Quarta maior  hidrelétrica do país, com capacidade de atender até 45 milhões de pessoas, a Usina Hidrelétrica de Santo Antonio corre o risco de ficar 100% desligada por até 57 dias, ainda no primeiro semestre deste ano. A informação é do jornal O Estado de São Paulo.

O jornal teve acesso a um documento de caráter confidencial que a empresa levou ao Ministério de Minas e Energia (MME), durante reunião ocorrida com o comando da Pasta, no fim de janeiro. O objetivo era discutir as regras de operação impostas à hidrelétrica e o volume de água que Santo Antônio deve armazenar em seu reservatório.

Caso a hidrelétrica venha mesmo paralisar atividades, segundo a reportagem, haveria um rombo milionário nas contas de luz e usinas térmicas teriam de ser acionadas para recompor a carga.  A concessionária Santo Antônio Energia fez este alerta ao governo.

No documento confidencial,  a concessionária afirma, basicamente, que o volume de água determinado para passar por suas turbinas entre fevereiro e junho pode resultar no desligamento de todas as suas 50 máquinas, por causa da redução de queda da água.

O projeto de Santo Antônio prevê uma queda mínima de 9 metros de altura entre a crista da água, na parte de cima da barragem (montante) e a margem que fica na parte de baixo da usina (jusante), para que as turbinas funcionem. Abaixo desse número, pode haver comprometimento mecânico de toda hidrelétrica.

A usina reivindica a ampliação do volume de água em seu reservatório, de forma  a manter uma diferença superior a 9 metros.  Essa ampliação, já solicitada ao Ibama, elevaria o nível do rio Madeira acima da barragem, inundando área de 536 hectares do Parque Nacional do Mapinguari, localizada parte em Rondonia e parte no Amazonas.

A concessionária chega a detalhar o prazo de 57 dias sem geração, dos quais 27 dias seriam de paralisação total e 30 dias para restabelecimento da usina ao listar os riscos da oferta de energia “em razão da restrição de queda mínima operativa e comprometimento das estruturas da usina, associada ao tempo para sua recomposição plena”.

A Santo Antônio alerta ainda para a interrupção do sistema de transposição de peixes, uma escada artificial onde algumas espécies simulam uma piracema, além do rompimento de estruturas usadas para conter a passagem de troncos carregados pelo rio.

Das 50 turbinas da hidrelétrica, seis são usadas para alimentar a energia de Rondônia e Acre. Trata-se de uma expansão em relação ao projeto original da usina, que previa 44 máquinas e seu reservatório com cota máxima de 70,5 metros de altura. Com a ampliação de turbinas, a empresa requereu o aumento desta cota em mais 80 centímetros, chegando a 71,3 metros. Ocorre que, com isso, passou a inundar as áreas do parque de Mapinguari, o qual já tinha sido reduzido há mais de dez anos, justamente para abrir espaço para o lago artificial do empreendimento.

A reportagem do Estadão teria apurado  que a Santo Antônio Energia tem mantido diálogo com o Ibama, o MME e o ICMBio, na tentativa de se chegar a um novo acordo sobre o nível do reservatório. A ideia é incluir alguma mudança na licença de operação da usina. Desde o fim de 2019, a usina espera a aprovação de um projeto de lei com a previsão de reduzir a área do Parque do Mapinguari, uma vez que isso só pode ser feito por meio do parlamento. Dois anos depois, o projeto ainda não foi votado.